Faz hoje uma semana que o uso de máscara na rua passou a ser obrigatório – com as devidas exceções –, mas os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) continuam a queixar-se de falta de material nas esquadras numa altura em que o estado de emergência, devido ao aumento de casos de covid-19 em Portugal, poderá voltar a ser decretado em breve. Ao i, o vice-presidente da Organização Sindical dos Polícias (OSP/PSP), Jorge Rufino, lamentou o sucedido e lembrou que os polícias também merecem ser tratados como uma das profissões de maior risco.
“Andamos com o coração nas mãos. Enquanto entidade fiscalizadora, andamos a tentar que as pessoas cumpram as regras mas, na verdade, nós também deveríamos cumprir e ter as devidas condições para lidar com o público. Apenas temos uma viseira e um pacote, que nos deram logo em março, que tem um par de luvas e uma máscara. Continua tudo assim. Há esquadras que estão a fazer a conta-gotas, porque não há ordens superiores para haver máscaras. Algumas são colocadas nas esquadras, os polícias servem-se delas, mas não chegam”, começou por dizer, sublinhando que, durante o reforço de fiscalização nas estradas devido à proibição de circular entre concelhos entre 30 de outubro e ontem, houve polícias que foram para a rua trabalhar apenas de viseira.
“Os polícias continuam a comprar as suas máscaras. Há muitos colegas que não têm máscara. Alguns deles vão para as estradas só com viseira. Se não há máscaras nas esquadras e alguns polícias não compram, como é que fazem? Temos de ter noção de que não há milagres. Alguns compram e suportam o custo do próprio bolso”, confessou Jorge Rufino. E acrescentou: “Penso que foi na semana passada que enviaram 500 máscaras para a Divisão de Trânsito de Lisboa, porque o comandante metropolitano teve de pedir. Aquilo, a dividir por toda a gente, dá para um dia. E ainda por cima está a haver agora muitas operações nas estradas. E a tendência é aumentar essa fiscalização. Com as horas diárias que um polícia faz são necessárias pelo menos duas máscaras por dia”, reforçou.
regras mal compreendidas Além da falta de máscaras, os polícias têm também levantado dúvidas em relação à forma como atuam na rua. De acordo com Jorge Rufino, as regras são “complexas” tanto para a população como para as autoridades policiais, que “têm o dever de fiscalizar”.
“Para nós, não é nada fácil. Se eu for abordar um grupo de dez pessoas, eu não sei as condições delas. É muito complicado. Além disso, podem dizer que são do mesmo agregado familiar e não ser. Como vamos nós saber isso? Isto tornou-se uma grande confusão. No fim de contas, fica ao livre-arbítrio de cada um”, disse, alertando ainda para o facto de, hoje em dia, ser ainda mais difícil lidar com os jovens menos bem-comportados. “Nós sabemos que estes jovens, hoje em dia, gostam de picar, e sobretudo em grupo. Alguns gostam de provocar por causa desta situação da covid-19. E, para nós, estas situações também não são fáceis de gerir. Já não era fácil, mas agora está muito pior”, rematou.
A partir de hoje, recorde-se, estão proibidos eventos e celebrações com mais de cinco pessoas, salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar, em 121 concelhos de Portugal continental, localizados sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.