O secretário de Estado da Saúde garantiu ontem que a região Norte, mais pressionada pela epidemia de covid-19, tem tido reforços de profissionais de saúde, e sobre a situação do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, onde os profissionais de saúde têm relatado um cenário de caos e desespero por incapacidade de responder adequadamente aos doentes, António Lacerda Sales assegurou que esta unidade já conseguiu, nas últimas semanas, transferir 112 doentes para outros locais. Ontem mantinha-se, no entanto, com 218 doentes internados, a maioria no Hospital de Penafiel, unidade de referência para a zona do Baixo Tâmega e Vale do Sousa Norte – nas últimas semanas, o principal foco da epidemia no Norte.
Nem o Ministério da Saúde nem a ARS Norte reagiram aos relatos feitos pelos profissionais de saúde sobre as dificuldades sentidas na unidade onde, segundo as ordens, já houve mais de cem profissionais infetados, o que tem também dificultado as escalas. Um enfermeiro do Hospital de Penafiel afirmou ao i que os doentes que têm permanecido internados na área dedicada a doenças respiratórias na urgência, por não haver vaga nas enfermarias, chegaram a ficar vários dias a ter como única refeição chá, bolachas e sopa, quando havia. O mesmo enfermeiro indicou que a falta de pessoal torna impossível garantir medicação a horas ou mesmo controlar devidamente os doentes que estão a receber oxigénio. O i tentou perceber junto do Ministério da Saúde se foi aberto algum processo de averiguações na sequência destas denúncias, mas não teve resposta até ao fecho desta edição.
O aumento de doentes covid-19 levou a que, nas últimas duas semanas, este fosse mesmo o único hospital do Serviço Nacional de Saúde a ter de suspender na totalidade a atividade programada não urgente, nomeadamente as cirurgias.