A Ordem dos Enfermeiros (OE) mostrou-se, esta sexta-feira, preocupada com os pedidos de recrutamento de profissionais portugueses para o estrangeiro, com os quais está a ser “confrontada diariamente”.
“Só de Espanha houve cinco contactos nos últimos dias, desde a Galiza às Canárias, com ofertas de 30 mil euros brutos anuais. Já a Holanda está a oferecer, além das melhores condições remuneratórias, casa, transporte e curso da língua”, revela a OE em comunicado.
Segundo aquela estrutura, estas propostas tem crescido desde a primeira vaga da pandemia e os países europeus oferecem a estes profissionais “condições mais vantajosas” em hospitais e lares do que em Portugal. “Apesar de ser unânime o reconhecimento do trabalho dos enfermeiros no combate à pandemia, não há qualquer incentivo, subsídios de risco ou penosidade, nem remunerações dignas”, pode ler-se no documento. A OE considera ainda que “após oito meses de pandemia com enfermeiros exaustos e muitos infetados, impedidos de trabalhar, é imperativo que seja revista a forma de contratação de enfermeiros, bem como as suas condições laborais”, pelo que faz o apelo ao Governo para que encontre “mecanismos de fixação dos enfermeiros em Portugal, que não passam pela oferta de contratos de quatro meses”.
“Não podemos continuar a comprar ventiladores e a exportar Enfermeiros”, sublinhou a bastonária, Ana Rita Cavaco.
No ano passado, a Ordem dos Enfermeiros recebeu mais de quatro mil pedidos de declarações para efeitos de migração – número que triplicou em comparação a 2017 e que representa um aumento de 64% em relação a 2018, estabelecendo assim um recorde. Nesta altura existem perto de 20 mil enfermeiros portugueses no estrangeiro e a OE pede ação ao Governo para que os faça regressar.