Senado. A corrida que pode definir o próximo mandato presidencial

Garantir a maioria no Senado foi uma prioridade para ambos os partidos, que gastaram valores recorde em publicidade.

Independentemente de quem seja eleito, o Presidente dos EUA poderá ter a sua margem de manobra muito limitada pela corrida ao Congresso, que está a decorrer em simultâneo. Os republicanos já partiam para as eleições sem qualquer esperança de ganhar uma maioria na Câmara dos Representantes, mas arriscam perder a maioria no Senado. Poderemos ter o complexo cenário de um Presidente Donald Trump constantemente desafiado pelo Congresso ou de um Presidente Joe Biden a ver as propostas democratas bloqueadas na câmara alta.

Para já, a corrida ao Senado ainda continua em aberto, mas as previsões da Associated Press indicam que, até ao momento, os republicanos têm vantagem, com 48 lugares face aos 46 dos democratas (com 100 lugares a disputar, ambos os partidos procuram conquistar a maioria absoluta: 51 mandatos).

As previsões de quem vai obter a maioria são variadas. O modelo de previsão do Economist afirma que os democratas irão obter a maioria, assim como o do FiveThirtyEight, mas o resultado parece ser bastante imprevisível.

Para garantir o controlo desta câmara, escreve o New York Times, os democratas precisam de garantir pelo menos mais quatro assentos. No caso de Biden vencer as eleições só precisam de três, uma vez que a vice-presidente – neste caso, Kamala Harris – pode servir para quebrar o empate.

 

Uma corrida que tem de significar vitória

Nunca se gastou tanto dinheiro em campanhas publicitárias para o Senado como este ano. No total, segundo o Center for Responsive Politics, foram gastos cerca de 14 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros) em publicidade. Os democratas sabiam que vencer o Senado seria uma das mais importantes metas nestas eleições, atrás apenas da Presidência. Não queriam repetir o “fiasco” do primeiro mandato de Barack Obama que, apesar de ter conseguido fazer aprovar o seu Obamacare, viu por diversas vezes as suas iniciativas serem rejeitadas pelo Senado, maioritariamente republicano. Por isso, este partido não teve receio de abrir os cordões à bolsa para garantir a maioria da câmara alta.

Só em publicidade televisiva e na rádio, entre ambos os partidos foi feito um investimento total de 133 milhões de dólares (cerca de 113 milhões de euros), segundo a NBC.

Uma das derrotas mais difíceis de digerir aconteceu na Carolina do Sul, um bastião republicano, onde o controverso senador Lindsey Graham conquistou o seu quarto mandato consecutivo, derrotando o democrata Jaime Harrison, que tinha angariado cerca de 57 milhões de dólares (cerca de 48 milhões de euros) durante a sua campanha – conseguiu a maior arrecadação de fundos de qualquer candidato ao Senado na história dos EUA.

Quem também garantiu um lugar essencial foi o republicano Mitch McConnell, líder republicano da câmara alta, que obteve 58,1% dos votos, derrotando a democrata Amy McGrath, que teve 37,9%, segundo a AP.

McConnell será uma grande dor de cabeça para Joe Biden e irá procurar minar o seu mandato desde o primeiro dia.

“O que significa [McConnell permanecer como líder do Senado]?”, questiona o Washington Post. “Não haverá uma expansão da cobertura de saúde nem uma legislação agressiva para lidar com as alterações climáticas, nenhuma movimentação em direção a cuidados infantis universais, não haverá um aumento do salário mínimo, não haverá uma nova lei dos direitos de voto nem gastos em infraestruturas”, prevê o colunista Paul Waldman.