Depois dos ataques em Paris, Nice e Viena, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o seu país vai duplicar os elementos que patrulham as fronteiras, de 2.400 para 4.800, e que vai defender em Bruxelas uma reforma «profunda» do espaço Schengen (espaço europeu de livre circulação).
Macron argumentou que este reforço nas patrulhas fronteiriças é «devido ao agravamento da ameaça» após os recentes ataques terroristas registados no país, mas visa também combater o tráfico e a imigração ilegal.
O governo italiano optou por adoptar medidas idênticas e intensificou os controlos nas suas fronteiras, com especial foco no sul do país, que serve de porta de entrada para imigrantes ilegais. Para isso, deverá contar com o apoio do exército.
A medida foi anunciada pela ministra do Interior italiana, Luciana Lamorgese, que presidiu uma reunião da Comissão Nacional de Ordem e Segurança Pública, onde se abordou o facto de um dos autores do atentado de Nice, que provocou a morte de três pessoas, junto a uma igreja católica, ter entrado na Europa através de Itália, mais especificamente através da ilha de Lampedusa, na Sicília.
O Reino Unido também preferiu jogar pelo seguro e subiu o nível de alerta para o terrorismo para «grave», o segundo mais alto numa escala de cinco.
A ministra do Interior, Priti Patel, escreveu no Twitter que esta é uma «medida de precaução» e garantiu que «não foi baseada em nenhuma ameaça específica».
Pesadelo em Viena
Viena, capital da Áustria, foi alvo de um atentado terrorista que provocou cinco mortes e pelo menos 15 feridos – e já reivindicado pelo Estado Islâmico. Entre os feridos está um cidadão luso-luxemburguês, que teve de ser hospitalizado, mas já se encontra fora de perigo.
Os tiroteios ocorreram por volta das 20h locais, numa rua central onde fica a sinagoga principal de Viena, então fechada, próxima de uma área de bares muito frequentada. Os atacantes dispararam contra quem estava nas esplanadas.
Entre as vítimas do ataque estão quatro civis, dois homens e duas mulheres, e um dos atacantes, que foi baleado pela polícia. Segundo a agência de notícias austríaca APA, terão sido detidas, em Sankt Pölten, duas pessoas relacionadas com os ataques.
«Motivos antissemitas»
O ministro do Interior austríaco, Karl Nehammer, revelou que um dos autores do ataque era uma «pessoa radicalizada que se sentia próxima do Estado Islâmico». O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, defendeu que não se pode descartar «um motivo antissemita», tendo em conta «o lugar onde começou».
Segundo as autoridades austríacas, o agressor morto era um jovem de 20 anos, com dupla nacionalidade austríaca e da Macedónia do Norte, que já tinha uma condenação anterior por terrorismo quando, em abril de 2019, tentou viajar para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico, mas acabou por ser posto em liberdade condicional em dezembro do ano passado, escreve a AP.
Patriot Act europeu
Reagindo aos mais recentes ataques que assombram a Europa, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio, propôs um Patriot Act europeu. «Trata-se de tomar medidas que possam prevenir tragédias como as de Nice e Viena», defendeu Di Maio.
«Trata-se de começar a pensar em algo maior e que diga respeito a toda a União Europeia: um Patriot Act do modelo americano, por exemplo, porque hoje somos todos filhos do mesmo povo europeu», disse o ministro italiano, acrescentando que irá propor esta medida aos seus homólogos.
O Patriot Act, adotado em 2001 nos Estados Unidos na sequência dos ataques terroristas do 11 de Setembro, colocou restrições a um certo número de liberdades fundamentais e permitiu maior margem de manobra às agências de informações nas investigações de contraterrorismo.