As instalações das SAD do Benfica e do Santa Clara foram esta segunda-feira alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária. A investigação resulta de uma operação conjunta entre o Ministério Público (MP), a Polícia Judiciária (PJ) e a Autoridade Tributária. Em causa estão dois processos: um relativo a negócios feitos com três jogadores líbios e outro por suspeitas de corrupção no caso Mala Ciao. A SAD do Sporting foi também alvo de buscas, mas neste caso por presumíveis crimes de branqueamento de capitais relacionados com a acionista Holdimo.
Os três atletas líbios – Hamdou Elhouni, Mohamed Al-Gadi e Muaid Salem Ali, mais conhecido como Muaid Ellafi – já passaram pelo Clube Desportivo Santa Clara, tendo Elhouni sido transferido para o Benfica a 1 de julho de 2016. O valor da transferência nunca chegou a ser público e o jogador acabou nesse próprio ano por ser emprestado ao Chaves. Mais tarde, Hamdou Elhouni foi cedido ao Clube Desportivo das Aves a custo zero. A relação entre estes dois clubes era já alvo de investigação criminal relativamente ao processo Mala Ciao.
A operação dos dois processos, ambos abertos em 2018, conta com buscas em mais de duas dezenas de locais ligados às SAD do Benfica e do Santa Clara, tanto em empresas como em residências particulares. A maioria das buscas estão a ser conduzidas em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e na região da Grande Lisboa.
Em 2016, Hamdou Elhouni chegou ao Santa Clara a custo zero e, em 2018, o Benfica cedeu o jogador ao Aves pela mesma quantia. No entanto, de acordo com o site especializado Transfermartek, Elhouni estava avaliado em 350 mil euros. No início do ano passado, o Desportivo das Aves vendeu o atleta por meio milhão de euros ao Esperance, da Tunísia.
Relativamente ao processo Mala Ciao, existem ainda suspeitas de apostas desportivas fraudulentas, tráfico de influências e oferta de pagamentos prometidos a jogadores de vários clubes para que o Benfica ganhasse jogos ao Porto e ao Sporting.
As contas da Holdimo
Também os leões foram esta segunda-feira alvo de buscas judiciais. Em causa está um processo que presume crimes de branqueamento de capitais, com negócios entre 2011 e 2014 relacionados com a entrada da Holdimo no capital social da Sporting SAD. Neste momento, a empresa angolana detém 30% do capital social do clube leonino. No site da empresa pode ler-se que esta parceria teve início em junho de 2011, quando “em plena crise financeira, o Sporting solicitou apoio à Holdimo”. Nessa altura, “a Holdimo respondeu presente e subscreveu um acordo de cooperação Financeira-Desportiva”.
Ainda no site, pode ler-se que a empresa “adquiriu, pelo valor de dezasseis milhões e 50 mil euros, percentagem dos direitos económicos de 17 jogadores”. No início de 2013 “é feito um reforço do investimento, ficando a Holdimo com percentagem de direitos económicos de 28 jogadores, correspondendo a um valor de 20 600 000 euros”. Nesse ano, a empresa converte os créditos que detém na Sporting SAD em participações.