Ana Gomes reconhece dificuldade de tomada de decisões para combater a covid-19

Para a candidata presidencial a maior dificuldade trata-se de “calibrar as medidas” para responder às necessidades de saúde e ao mesmo tempo evitar que a economia entre em rutura.

Ana Gomes, candidata a Presidente da República nas próximas eleições, considera que, no combate à pandemia, se pode “sempre apontar falhas seja na comunicação seja nas medidas”, disse esta sexta-feira, em Vila Real, à saída de uma visita à fábrica da Continental.

“A dificuldade aqui está em calibrar as medidas para, por um lado, responder às necessidades de saúde e não deixar os serviços de saúde entrarem em rotura e, por outro lado, não matar a economia”, afirmou.

Ana Gomes considera que a falha “não seja só a comunicação”, mas também a “dificuldade de tomar as medidas acertadas” pelo que apela “à responsabilidade” de cada cidadão.

“Acho que, sem dúvida o Governo e as autoridades portuguesas estão a procurar ir lidando com a situação face a uma evolução muito preocupante que é o que justifica as medidas drásticas que estão a ser aplicadas, embora calibradas”, disse.

 “Mas sabemos que estamos a reagir a quente perante uma pressão tremenda não conhecida anteriormente e difícil de prever, não obstante muita gente tenha avisado que as tendências de uma segunda vaga eram inevitáveis”, acrescentou.

A propósito das medidas recentemente anunciadas pelo Governo, que obriga os estabelecimentos de comércio e restauração de 191 concelhos a fechar às 13h00 nos próximos dois fins de semana, a candidata presidencial espera que o Executivo anuncie medidas “para compensar minimamente esses setores" e que estas "sejam rapidamente aplicadas”.

Ana Gomes falou depois da empresa Continental Advanced Portugal, que esteve a visitar, classificando-a como “empresa modelo, exportadora e de tecnologia de ponta” e uma “mas maiores empregadoras privadas” em Vila Real, com cerca de 550 trabalhadores. “O tipo de empresa que deve ser apoiada pelas autoridades portuguesas e replicada porque tem um papel fundamental na fixação num território que precisa de ser repovoado”, apontou.

“E demonstra que o Interior por ser Interior não deve ser menorizado, pelo contrário, tem um grande potencial de polo de desenvolvimento numa perspetiva inter-regional, transfronteiriça e europeia”, disse, prosseguindo que “não se pode continuar a deixar despovoar o Interior do país, a retirar serviços públicos e atividades empresariais do Interior”. Ana Gomes defende, assim, que o Interior tem “um potencial tremendo” e que o Estado deve fornecer “incentivos fiscais para empresas e profissionais”, assim como apoios à habitação, que consiste uma preocupação para os funcionários da fábrica.

“A ideia enviesada de que a maioria da população se concentra na faixa do litoral e, portanto, aí e que se deve fazer o investimento é errada, revela falta de visão e é isso que temos que mudar”, concluiu.