Baixos valores de salário mensal, horários difíceis de gerir, falta de condições em tempos de covid-19 e o risco com o qual os polícias têm de lidar diariamente são alguns dos fatores que podem ter levado os jovens a afastar-se da profissão. Este ano, as mil vagas para o 16.º Curso de Formação de Agentes (CFA) não foram totalmente preenchidas, tendo sido aprovados apenas 793 candidatos, e a preocupação em torno destes números tem vindo a aumentar. Para as associações sindicais da Polícia de Segurança Pública (PSP), é a primeira vez que há menos candidatos a polícias do que vagas de ingresso. E a direção nacional da PSP já se mostrou preocupada com a situação, considerando que a falta de candidatos para agentes pode indicar «falta de atratividade da função policial». Existem, porém, outros fatores que podem ter influência nas escolhas profissionais dos jovens. Álvaro Marçal, antigo dirigente sindical da PSP com pelouro social, sublinhou ao SOL que a Polícia deveria ser uma instituição pela qual os jovens se sentissem atraídos, mas alerta que isso não acontece por não serem devidamente recompensados.
«Eles não sentem retribuição pelo trabalho que têm noção que vão ter de fazer. A sociedade portuguesa tem hoje recursos muito mais qualificados do que tinha há 40 anos, quando eu fui para a Polícia. Mas naturalmente que a PSP também devia ter feito o seu caminho de atualizar a sua verba salarial, porque é disso que falamos. Falamos do vencimento, daquilo que levamos para casa ao fim do mês de trabalho. A trabalhar sábados, domingos e feriados, com um sistema de horários que é violento», começou por salientar. «Não é com este tipo de ordenado e com estes horários que vamos atrair os nossos jovens qualificados», atirou.
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