O discurso do presidente-executivo da Altice Portugal no encerramento do XXIV Encontro Nacional de PME do setor das Telecomunicações ficou marcado pela preocupação do setor em relação ao leilão do 5G e pelas críticas ao regulador.
“Tenho ouvido acionistas, para já não falar dos próprios operadores, dos maiores operadores em Portugal que dizem que estão extraordinariamente preocupados, que estão a equacionar o seu investimento no país”, afirmou Alexandre Fonseca, no encontro transmitido online e organizado Associação Empresarial de Comunicações de Portugal e subordinado ao tema ‘Inteligência Artificial (IA) – Impacto no Futuro dos Negócios e do Trabalho’.
“Eu diria mesmo que estão a equacionar, como a Altice Portugal está, se faz ou não sentido participar no leilão do 5G”, adiantou, acrescentando: “Imaginem a vergonha para o nosso setor e para o nosso país se este leilão ficar vazio de participantes ou ficar vazio porque o espectro que é efetivamente atribuído ficará muito aquém do espectro disponível”.
Para o responsável, o setor das telecomunicações atravessa um “momento triste”, talvez o “momento mais negro da história das telecomunicações” em Portugal. Alexandre Fonseca atribui a responsabilidade da situação atual à ANACOM e ao presidente do regulador, João Cadete de Matos. “Penso que para que a situação atual no nosso setor mude é preciso razoabilidade, é preciso equilíbrio, competência, conhecimento, é preciso efetivamente um conjunto de atributos que o presidente da ANACOM não tem”, sublinhou.
“Não basta dizer como o regulador tem dito ‘à boca cheia'” que vai ser leiloado “muito espectro”, disse, esclarecendo que “leiloar [o espectro] vale zero, o que interessa é atribuí-lo e, se não houver ninguém para atribuir, essa será uma vergonha nacional que ficará na história”.
“Por tudo isto, não nos resta a alternativa, como já o dissemos publicamente, senão rever a nossa estratégia para Portugal, a nossa estratégia de investimento, com todos os impactos que daí irão decorrer”, revelou.
Por último, comunicou que a Altice vai “obviamente optar pelo caminho da litigância, não há outra alternativa”. Deixou ainda uma crítica final à ANACOM, a quem chamou autista, acusando-a de não se reunir com o setor há meses. “Este regulador optou pelo caminho de criar essa mesma litigância”, sublinhou Alexandre Fonseca.