Os comerciantes que viram ‘evaporar’ das suas contas bancárias todo o dinheiro faturado através de terminais de pagamento automático (TPA) da rede SIBS continuam a ‘desesperar’ em busca do seu dinheiro. «Ninguém sabe de nada, ninguém é capaz de me dizer nada», diz ao SOL um comerciante que viu ‘desaparecer’, sem explicação, no dia 1 de novembro, cerca de 300 euros que haviam dado entrada na sua conta quatro dias antes.
Em comunicado, a SIBS esclareceu que o problema teve origem numa «intervenção técnica programada, que, apesar de ter seguido todas as rotinas e processos (…) originou um constrangimento inesperado em alguns fechos contabilísticos de TPA que tenham sido realizados nos dias 28 e 29 de outubro». «Lamentamos o sucedido, e asseguramos que estamos focados em resolver esta situação», lê-se na nota da entidade que gere o sistema de multibanco e a rede das máquinas de pagamento nas lojas.
A situação terá afetado várias empresas, sobretudo, do setor da restauração, que viram ‘desaparecer’ milhares de euros das suas contas bancárias. Mas passadas duas semanas, ainda há situações por resolver. Ao SOL, o comerciante, que prefere manter o anonimato, admite que «não sabe mais o que fazer». «Contactei a empresa que gere o TPA, contactei a SIBS, contactei o banco… E, até ao momento, ninguém sabe dizer-me onde é que para o dinheiro». E acrescenta: «Roubaram-me o dinheiro da conta. Não há outra forma de dizer isto. Como é que pode desaparecer dinheiro, de um dia inteiro de trabalho, que, nos dias anteriores, já tinha disponível na minha conta bancária?», questiona.
Bancos têm a resposta
Entre as dúvidas que surgiram com este caso, está o facto de o dinheiro dos comerciantes ter desaparecido depois de os montantes terem estado disponíveis nas suas contas bancárias. E, sobretudo, se a SIBS, na sequência do «constrangimento», poderia, de alguma forma, ter tido acesso a contas sediadas em instituições bancárias que, à partida, deveriam impedir o acesso por terceiros ao dinheiro depositado.
Fonte próxima do processo esclarece ao SOL que a SIBS_não tem acesso às contas dos clientes, uma vez que esse acesso não é possível dentro da atividade de gestão da rede multibanco feita pela empresa. A mesma fonte explica ainda que, nestes casos, são os bancos que retêm imediatamente o dinheiro para análise da situação, sempre que existem falhas de rede desta natureza. E foi exatamente o que terá acontecido.
Aliás, segundo apurou o SOL, esta não é a primeira vez que tal acontece: em agosto e outubro deste ano vários comerciantes viram dinheiro ‘desaparecer’ da mesma forma, por horas e até dias.
A fonte acrescenta que a SIBS já terá, por esta altura, fornecido aos bancos «todos os dados para que a situação possa ser regularizada». A devolução do dinheiro está agora pendente de processos internos de cada instituição bancária. «Poderá ainda demorar alguns dias, dependendo de cada banco», admite, embora reforce que «ninguém ficará sem o seu dinheiro».
O SOL tentou obter esclarecimentos do Banco de Portugal sobre esta ocorrência, mas até ao fecho da edição o regulador não tinha feito comentários.