[notícia corrigida após esclarecimento sobre lapso de secretário de Estado que referiu número total de surtos em vez de os que apenas foram detetados nas escolas]
A conferência de imprensa das autoridades de saúde desta sexta-feira contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e Fernando Almeida, presidente do Instituto Ricardo Jorge. Foram abordados vários assuntos no dia em que o quinto Estado de Emergência foi aprovado, nomeadamente os surtos em escolas e universidades do país, cercas sanitárias em regiões mais afetadas pela covid-19 e a pressão em hospitais devido ao número elevado de pacientes que estão a dar entrada em unidades de saúde de todo o país.
"É neste ponto que estamos, onde a nossa responsabilidade individual e coletiva é mais determinante do que nunca", apelou António Sales, garantindo que o Governo irá continuar a lutar para achatar a curva epidemiológica. "Posso reiterar que não vacilaremos na luta por esse objetivo. O caminho é o de sempre: Preparar, robustecer, fortalecer a nossa resposta à pandemia com a melhor evidência científica a cada momento e corrigindo ao longo do tempo o que tem de ser corrigido", afirmou.
António Sales disse que a Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Garia de Orta tem as 13 camas para covid-19 ocupadas, no entanto sublinhou que o "Serviço Nacional de Saúde funciona em rede, com elasticidade, pelo que nenhum dos doentes que vá para o Garcia de Orta fica sem colocação e como tal irá para outros hospitais da região ou de outras regionais", garantiu. "Ainda há pouco tempo houve transferência de doentes do Garcia de Orta para o Médio Tejo", disse ainda.
Sobre os surtos ativos em escolas, o governante diz que existem 68 surtos em escolas mas que estes "não são uma situação de preocupação" e garante que "está tudo a correr normalmente". Segundo o secretário de Estado, é na região de Lisboa e Vale do Tejo que existem mais surtos registados – 50. Segue-se depois a região Centro (11), Norte (3), Alentejo (2) e Algarve (2).
Questionado sobre se estão a ser equacionadas cercas sanitárias em zonas do país mais afetadas pelo novo coronavírus, António Sales aponta que esta situação não está a ser considerada. "Temos aprendido mais com o evoluir da pandemia", disse.
Sobre a organização do congresso do PCP, marcado para o próximo fim de semana, em Loures, o secretário de Estado afirma que o Governo será obrigado a cumprir com a lei como qualquer outro setor. "Estamos permanentemente a rever a forma de atuação porque estamos sempre a aprender. No que diz respeito ao congresso do PCP, a DGS tem de fazer o seu trabalho técnico e de análise dos planos e cabe-nos assegurar que a lei é cumprida e que a defesa dos direitos dos portugueses é assegurada. Estamos convencidos que as entidades estarão à altura das suas responsabilidades"
O presidente do Instituto Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, falou sobre os testes antigénio e disse que estes são "uma ferramenta espantosa para podermos ter, não só uma maior capacidade de testagem, mas para podermos atuar com muito mais rapidez, interrompendo cada vez mais rapidamente as cadeias de transmissão do vírus". Por outro lado, o responsável alerta para o facto de a questão dos testes rápidos terem de ser vistas "com algum cuidado, alguma regulação e rigor, não só no critério usado para fazer a colheita, mas também na leitura".
"Não sendo um teste de avaliação disponível em qualquer serviço, os serviços têm que ser perfeitamente regulamentados e registados na Entidade Reguladora de Saúde e os prescritores têm que ser profissionais devidamente habilitados, assim como os seus operadores", apontou Fernando Almeida. "É uma ferramenta espantosa mas nós teremos que ter muito cuidado na regulação de todos estes factores porque Portugal precisa de saber quantas pessoas é que tem infetadas", rematou.