Os porta-vozes do movimento A Pão e Água deram início, esta sexta-feira, a uma greve de fome «por tempo indeterminado» frente às escadarias da Assembleia da República, depois de, ao contrário das suas expectativas, não terem sido recebidos pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa para discutirem a crise que o setor da restauração e da noite atravessam neste momento.
Chamados ao Palácio de Belém, na sequência da manifestação de quarta-feira diante do Parlamento – que reuniu cerca de mil pessoas vindas de todo o país (sobretudo Norte e Algarve) – o grupo de empresários, entre os quais se contavam Ljubomir Stanisic e José Gouveia, tinha à sua espera dois assessores da casa civil do gabinete da Presidência. Da conversa, nada resultou.
«Ficou bem demonstrado a importância que nos dão», lamentou no final do encontro José Gouveia. O empresário, uma das figuras da noite lisboeta – que já esteve à frente de casas como o Plateau, Docks, Indochina, Kings and Queens, entre outras –, tornou-se também uma das ‘vítimas’ da crise, depois de, no final de outubro, ter visto suspenso o seu contrato com o grupo de luxo Amorim Luxury, de Paula Amorim, onde cumpria as funções de responsável pela atividade noturna da marca JNcQUOI.
Ao SOL, José Gouveia adiantou que chegou a hora de ser dado o próximo passo: «Vamos só a casa trocar de roupa e, depois, seguimos para a Assembleia da República onde vamos dar início a uma greve de fome por tempo indeterminado».
O grupo conta com nomes como os do chef Ljubomir Stanisic, o DJ Pedro Cazanova, ou o empresário da noite Alberto Cabral (proprietário de bares e discotecas em Vila Real, Espinho, Macedo de Cavaleiros, Chaves e Santa Maria da Feira).
«O Governo continua a ignorar-nos. Por isso, vamos avançar para esta greve de fome e, para a interromper, exigimos ser recebidos pelo primeiro-ministro António Costa e pelo ministro da Economia Pedro Siza Vieira. Com todo o respeito, não aceitamos voltar a reunir com assessores ou outros representantes do Governo. São estas as duas pessoas que têm uma solução e que podem, de facto, ajudar este setor e os seus empresários», diz José Gouveia.
Questionado até onde está disposto a ir o grupo, o porta-voz do movimento A Pão e Água garante que o protesto «durará até quando for preciso». «No fundo, estamos apenas a antecipar por uns meses aquilo que, inevitavelmente, teríamos de enfrentar mais tarde ou mais cedo, muito em breve, aliás, talvez dentro de apenas um ou dois meses. Quando chegarem as falências também vamos todos passar fome, então, achamos que vale a pena começarmos já», conclui, em declarações ao SOL, um desalentado José Gouveia.