Completam-se este ano 45 anos sobre o dia em que a liberdade se consolidou e em que se defendeu a existência de democracia em Portugal. O dia em que os valores de Abril foram defendidos contra os extremismos daqueles que defendiam a apropriação da propriedade privada e até daqueles que defendiam a prisão de todos quantos se opunham aos desmandos da extrema-esquerda. Aqueles extremismos têm rostos no presente: o PCP e o BE. Naquele dia, o Coronel Jaime Neves e os Comandos, que liderava, defenderam a liberdade, a democracia e a moderação. Estes também têm rostos hoje: o PS, o PSD e o CDS.
Em 25 de Novembro de 1975, Portugal estava à beira de seguir um rumo totalitário, imposto por setores da esquerda radical. O que estava em causa era a imposição de uma ditadura do proletariado com uma economia planificada, à imagem da União Soviética comunista, defendida pelos setores da esquerda radical, ou uma democracia baseada na economia de mercado, defendida pelos setores moderados. Então, venceu a moderação contra o radicalismo..
Os tempos que antecederam o 25 de Novembro foram violentos, com governos provisórios crescentemente influenciados pelo PCP que levaram a cabo nacionalizações na indústria e nos serviços e ocupações de propriedades e de órgãos de comunicação social.
O ambiente provocado pelo radicalismo era, social e politicamente, muito tenso e a eclosão de uma guerra civil era considerada. Este cenário foi evitado com a intervenção de militares moderados do Movimento das Forças Armadas, em articulação com o PS, com o PPD (hoje PSD) e com o CDS. A estes militares, de que se destacam Jaime Neves e Ramalho Eanes, e aos dirigentes desses partidos, respetivamente, Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Freitas do Amaral, se deve a manutenção da liberdade nesse momento da história.
Em Portugal, a derrota das teses defendidas pela extrema esquerda aconteceu a 25 de Novembro de 1975, muito antes da queda do Muro de Berlim. Isto explica a aversão desses partidos à evocação desta data.
No entanto, é um erro a desvalorização do 25 de Abril em oposição ao 25 de Novembro. Esse erro é duplamente cometido por setores da direita e também por muitos próximos do PSD. Por um lado, porque, de facto, é o 25 de Abril que marca o início da liberdade e aponta o caminho da democracia em Portugal, que se concretizou com a participação ativa dos partidos moderados de esquerda e de direita, muito para além do PCP. Por outro lado, porque foi a direita que deixou que a esquerda se apropriasse da revolução de Abril.
Ao longo dos anos, a história foi sendo deturpada por conveniência da esquerda radical e por demissão dos setores moderados. Hoje, parece que o 25 de Abril é da esquerda e o 25 de Novembro é da direita. Nada mais errado. O 25 de Abril, tal como o 25 de Novembro, é dos verdadeiros defensores da liberdade e da democracia. Os que não estão confortáveis com qualquer uma das datas não são genuínos democratas.
Em 25 de Novembro de 1975, Portugal defendeu os valores fundadores da revolução de Abril. Por isso, custa observar o PS de hoje desconfortável com a evocação desta data de que foi um dos principais obreiros.
Hoje é especialmente importante recordar a necessidade de manter a moderação contra os extremismos – todos. E o 25 de Novembro é a vitória da moderação sobre os extremismos. É importante ter memória e não esquecer a história. Também esta.