Quando vai anunciar a posição do CDS em relação às eleições presidenciais?
Sempre disse que o CDS só tomaria uma posição depois de ouvir o que Marcelo Rebelo de Sousa teria a dizer sobre as próximas presidenciais. Marcelo Rebelo de Sousa foi o candidato apoiado pela direita. Quem não tem candidato é o Partido Socialista. Aguardo serenamente, mas posso dizer-lhe que o prof. Marcelo Rebelo de Sousa é um homem com valores, católico, moderado, e tradicionalmente sempre foi defensor de alianças democráticas entre o PSD e o CDS. Isso, a mim, tranquiliza-me. Mas o CDS só tomará a sua posição depois de ele declarar a sua intenção ao país.
Ficou surpreendido com o apoio de alguns socialistas à recandidatura do atual Presidente da República?
Acho estranho um partido como o PS não ter um candidato próprio à Presidência da República, um candidato que represente a sua área política. Essa situação é, pelo menos, implausível, porque a verdade é que Marcelo Rebelo de Sousa sempre se afirmou como um homem do espaço do centro-direita. Ao longo da sua vida, em todos os embates eleitorais que travou, combateu a esquerda e combateu o socialismo.
Mas é acusado por algumas pessoas de direita de estar demasiado próximo do Governo.
Um Presidente da República funciona como árbitro e tem de fazer pontes à esquerda e à direita. Mas o prof. Marcelo Rebelo de Sousa sempre se afirmou como um homem de direita, católico e moderado. Não creio que o PS tenha ficado seduzido por ele. Parece-me mais plausível que esteja num beco sem saída.
As conversas com o PSD sobre as coligações nas eleições autárquicas estão a correr bem?
Em fevereiro liderei a delegação do CDS ao congresso do PSD e lancei um repto a Rui Rio para uma coligação alargada a todo o país que previsse que estes dois partidos concorreriam aliados em todos os concelhos em que isso permitisse derrubar a esquerda do poder. Mantenho este objetivo. Posso dizer-lhe que nas próximas semanas vou intensificar os contactos com o PSD e com Rui Rio para concretizar este projeto. Temos de nos sentar à mesa e esperar que as eleições autárquicas possam dar um impulso acrescido a este sentido de mudança que o país espera.
Em Lisboa, o CDS quer liderar essa coligação ou está aberto a outras hipóteses?
Lisboa é a capital do país e o resultado aqui tem leituras a nível nacional. Em Lisboa, a articulação com o PSD tem de ser ainda mais estreita e intensa para que consigamos apresentar um candidato que tenha possibilidades reais de derrubar Fernando Medina. O CDS ficou em segundo lugar e parte de uma posição privilegiada do ponto de vista negocial. Mas como partido institucionalista que somos, aberto ao diálogo e ao compromisso, estamos disponíveis para conversar com o PSD e colocar todas as hipóteses em cima da mesa.
Já falou com Assunção Cristas?
Vou falar com Assunção Cristas quando se iniciar a discussão do processo eleitoral em Lisboa. Será a primeira pessoa com quem falarei.
Gostava que Assunção Cristas fosse candidata a Lisboa?
Assunção Cristas é um peso-pesado para disputar as autárquicas em Lisboa. Se contar com o apoio alargado à direita, aumenta as probabilidades de vencer.