A TAP agravou os prejuízos nos primeiros nove meses do ano para 700,6 milhões de euros – o que compara com o prejuízo de 110,8 milhões de euros no mesmo período de 2019.
A companhia aérea comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) os resultados até setembro, profundamente marcados pelas restrições às viagens impostas pela pandemia de covid-19. Nos primeiros nove meses, o número de passageiros transportados caiu 70% (menos 9 milhões de passageiros do que em igual período de 2019), a oferta recuou 64% e o load factor (taxa de ocupação) recuou para 68,5% (menos 12,5 pontos percentuais).
As receitas totais da TAP ascenderam aos 841,3 milhões de euros até setembro, o que representa uma queda de 66,2%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Por sua vez, os gastos operacionais da companhia aérea diminuíram 40,7%, para perto de 1,4 mil milhões. Neste particular, destaca-se o recuo dos custos com combustível (-65,3%), manutenção de aeronaves (-59,1%) e pessoal (-39,1%).
O EBITDA – lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – no conjunto dos nove meses foi negativo em 172,9 milhões de euros, o que compara com 388,7 milhões positivos registados no mesmo período do ano passado.
No final de setembro, a TAP tinha em caixa e equivalentes 293 milhões de euros, abaixo dos 426,2 milhões de euros com que contava no final de 2019.
Empréstimo do Estado. A companhia aérea TAP recebeu, até ao final de setembro, 582,4 milhões de euros provenientes do Estado português, no âmbito do acordo para o auxílio à empresa iniciado em junho. Este valor integra a rubrica da dívida financeira, que ascendia aos 1699,4 milhões de euros no final de setembro, um aumento face aos 932,1 milhões de euros registados no final do ano passado. Recorde-se que este valor faz parte do empréstimo do Estado português a favor do Grupo TAP, que, até ao final do ano, deve chegar aos 1,2 mil milhões de euros. O Governo incluiu ainda no Orçamento do Estado para 2021 um valor de 500 milhões de euros em garantias para a TAP, para que a empresa se possa, eventualmente, financiar no mercado.
Na semana em que se deram a conhecer as medidas incluídas no plano de reestruturação da companhia – a ser entregue a Bruxelas até 10 de dezembro –, a TAP também adianta no relatório à CMVM que continua a cumprir o plano para a redução da frota. Depois de já ter adiado a entrega de novas aeronaves junto da Airbus, a empresa anunciou que fechou setembro com 101 aeronaves (menos quatro que no início do ano), mas que vai continuar a reduzir: “TAP fechou o terceiro trimestre com 101 aviões, prevendo continuar a reduzir a frota”, lê-se no relatório.
A redução da frota é também uma prioridade da reestruturação da empresa, prevendo-se que a TAP fique com 88 aviões, podendo chegar aos 101 numa fase de retoma, até 2025.