Sete dias. Foi quanto durou a greve de fome protagonizada pelo grupo de nove homens e uma mulher, empresários do setor da restauração e da noite, que, desde 27 de novembro (sexta-feira), acamparam em protesto frente à Assembleia da República, onde exigiam ser ouvidos pelo primeiro-ministro António Costa ou pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. O objetivo seria pedir mais apoios para o setor ou, em alternativa, garantir a ‘devolução’ dos horários aos seus estabelecimentos. E o protesto só terminou quando entrou em cena outro protagonista. O presidente da Câmara de Lisboa,Fernando Medina, assumiu o papel de intermediário e, na noite de quinta-feira, convocou os membros do movimento ‘A Pão e Água’ – que, durante o último par de meses, têm vindo a organizar protestos por todo o país contra as restrições impostas pelo Governo na sequência da pandemia – para uma reunião nos Paços do Concelho da capital. No final do encontro, os manifestantes deram por terminada a ação.
Aos jornalistas, Fernando Medina considerou que a reunião foi «muito franca, de olhos nos olhos» e serviu para «encontrar respostas». Os porta-vozes do movimento, José Gouveia e Ljubomir Stanisic, também se mostraram agradados com o desfecho. «Sentimos que perceberam as nossas reivindicações», disse José Gouveia, adiantando ainda que o presidente da Câmara de Lisboa esteve à conversa com Siza Vieira, e que o próprio ministro da Economia «concordou que havia pontos a precisarem de alteração». Para esta semana ficou agendada nova reunião entre o grupo e o Governo, com Fernando Medina como intermediário, anunciou o movimento ‘A Pão e Água’.
Polémica nas redes sociais
Os empresários em greve de fome sobreviveram, ao longo dos sete dias, ‘alimentados’ apenas por água, chá e café. O chef Ljubomir Stanisic e outro elemento do grupo chegaram mesmo a desfalecer, e a terem de ser assistidos pelo INEM e transportados de urgência para o hospital. Apesar dos sustos, ninguém ficou com mazelas graves. E, no final, a ação terminou ao sabor de pizzas que, terminada a greve de fome, foram ‘devoradas’ logo ali.
Mas enquanto suportavam os rigores da fome, a internet foi dando a conhecer os rostos daqueles que participavam no protesto e a reação… não foi nada meiga Os sinais de riqueza exterior de empresários como João Sotto-Mayor, Alberto Cabral ou João ‘Shima’ Almeida, três dos elementos em greve de fome à porta do Parlamento, foram duramente criticados pelos internautas, que consideraram, na maioria dos casos, como escreveu um utilizador, «não serem estas as melhores pessoas para representarem os setores» que, neste momento, atravessam enormes dificuldades. Fotografias com automóveis e motas de luxo, iates e até aviões deixaram ‘chocadas’ as redes sociais, que reagiram com uma ‘chuva’ de críticas.
Aos jornalistas, João Sotto-Mayor desvalorizou e lamentou a polémica. «Não estamos aqui porque estamos mal, estamos aqui por todos os que de facto estão mal. Trabalhamos muito e estamos aqui por quem nada tem», alegou o proprietário dos restaurantes Hamburgueria da Baixa e dos mexicanos Guaka ou ainda do espaço Cubo Bar Quinta do Lago.