Quase metade (48%) dos alunos portugueses que frequentam o 8.o ano disseram que não gostam de aprender Matemática e 55% admitiram não estarem confiantes em relação à disciplina. Esta é a conclusão do TIMSS – Trends in International Mathematics and Science Study –, realizado no ano passado, o estudo que de quatro em quatro anos permite conhecer os desempenhos dos alunos do 4.o e do 8.o anos a Matemática e Ciências, em dezenas de países e regiões.
No caso dos estudantes do 4.o ano verifica-se que os valores, ainda que mais positivos, pioraram. No TIMSS de 2015, somente 10% tinham indicado não gostarem de aprender Matemática, enquanto na edição mais recente o número aumentou para 15%. É de referir que, contrariamente aos estudantes do 8.o ano, 61% dos do 4.o ano responderam gostar muito da disciplina (61% em 2019). Assim, constata-se que o afastamento em relação à matéria acontece com a idade e com o facto de os conteúdos se tornarem mais difíceis. E, portanto, chegados ao 8.o ano, apenas 19% manifestaram apreço pela Matemática.
Se 20% do total da amostra de alunos inscritos no 4.o ano disseram não gostar de Matemática, a média de todos os países participantes no TIMSS para o 8.o ano é o dobro (41%). No entanto, quando são colocadas as mesmas questões – “gostas de aprender” e “sentes-te confiante” – naquilo que diz respeito às ciências, também são apuradas diferenças entre os alunos mais velhos e novos. Um quinto dos que estão no 8.o ano responderam não gostar de aprender ciências. O ex-ministro da Educação e Ciência Nuno Crato (2011-2015) criticou ontem “as acusações irresponsáveis e falsas” do atual secretário de Estado da Educação, que lhe atribuiu responsabilidades pelos maus resultados obtidos pelos alunos do 4.o ano a Matemática.