Saiba quais são as estradas mais perigosas em Portugal

O IC19 é uma das vias com mais pontos negros. Número de mortes nas estradas desceu nos últimos anos, mas o excesso de velocidade continua a ser a infração mais cometida.

De norte a sul do país, as estradas portuguesas são onde muitos acidentes acontecem diariamente, alguns dos quais com desfechos trágicos. De acordo com os números mais recentes da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR), que remontam a 2018, são 60 os pontos negros identificados, mais dez do que em 2017, sendo o IC19 – com nove –, que liga Sintra a Lisboa, a estrada portuguesa com mais pontos negros – troços com um máximo de 200 metros de extensão onde se tenham registado pelo menos cinco acidentes com vítimas durante um período de um ano.

Logo a seguir surge a Estrada Nacional (EN) 10, entre Vila Franca de Xira e Setúbal, pela margem sul do rio Tejo, com oito pontos negros, seguindo-se a A2 (Autoestrada do Sul), com seis. Já a A5, que liga Lisboa a Cascais, apresenta cinco pontos negros e em quinto lugar da lista está a A20 (Circular Regional Interior do Porto), com quatro.

O IC17, que liga Sacavém a Algés, o IC2, entre Lisboa e Porto, o IC29, entre Porto e Gondomar, o IC20 ou Via Rápida da Costa da Caparica, a EN14, entre Porto e Braga, a EN125, entre Vila do Bispo e Vila Real de Santo António, a A28, entre Porto e Vilar de Mouros, e a A3, entre Porto e Valença, também são consideradas das estradas mais perigosas que Portugal tem.

 

Menos mortes nas estradas nos últimos anos

Apesar do perigo evidente das estradas portuguesas, o número de mortes em acidentes rodoviários diminuiu nos últimos 20 anos em Portugal, tendo sido registada uma redução de 2 mil óbitos para 474. A garantia foi dada pela secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, numa ação de sensibilização rodoviária, em novembro, no âmbito do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada. No entanto, a governante sublinha que «nenhum número pode deixar-nos confortáveis».

Mas segundo os últimos dados publicados pela Comissão Europeia, em junho deste ano, Portugal está entre os oito países da União Europeia que registaram uma redução de mortes na estrada superior à média, com uma diminuição de 33% na sinistralidade rodoviária em comparação com o ano de 2010. Em todo o continente europeu houve uma diminuição de 23% no número de mortes na estrada. Só em 2019 registaram-se 22 800 óbitos, menos cerca de 7 mil em relação a 2010. Se compararmos com 2018, o número diminuiu 2%.

«Com uma média de 51 mortes na estrada por cada milhão de habitantes, a Europa continua a ser, de longe, a região mais segura do mundo em matéria de segurança rodoviária», pode ler-se num comunicado da Comissão Europeia.

No que diz respeito só a Portugal, o número de mortos nas estradas diminuiu 7% no ano passado em relação a 2018, totalizando 472 – menos 36 do que há dois anos. Já no que toca a 2020, o relatório da ANSR indica que, entre janeiro e outubro, houve menos 8098 acidentes com vítimas, menos 61 mortes, menos 436 feridos graves e menos 10 904 feridos ligeiros. Deste modo, a ANSR sublinha que foi registada uma melhoria significativa no que diz respeito aos principais indicadores de sinistralidade em relação ao período homólogo do ano passado.

 

Excesso de velocidade é a infração mais cometida

Apesar dos registos positivos no que toca à sinistralidade rodoviária, o excesso de velocidade continua a ser, à semelhança dos últimos anos, a infração mais cometida pelos condutores em Portugal – no total de infrações registadas pela ANSR, 63,2% correspondem a este tipo de contraordenação. O consumo de álcool acima da lei, o cansaço e a falta de atenção são também algumas das principais causas dos acidentes rodoviários. Já a colisão foi a natureza de acidente mais frequente, apesar de o maior número de mortes ter resultado de despistes.

Ao todo, a atividade de fiscalização nos primeiros dez meses do ano aumentou 27,2% em comparação com igual período de 2019, tendo sido fiscalizados mais de 95 milhões de veículos. Para controlar o excesso de velocidade nas estradas portuguesas, a PSP tem apostado em radares nas zonas com maior sinistralidade. Os dados da ANSR revelam que nos primeiros nove meses deste ano foram apanhadas mais de 600 mil viaturas em infração através destes dispositivos – mais 24,3% do que no ano passado.

 

Críticas ao Código da Estrada

O SOL sabe que há elementos da PSP que criticam o Código da Estrada, dizendo estar feito maioritariamente para «culpar» os condutores dos acidentes, sendo a principal causa o excesso de velocidade, e «nunca as estradas más que temos».

«Basta ir à Alemanha, país que tem autoestradas sem limite de velocidade, para perceber o quanto as pessoas são cumpridoras. No entanto, claro que também há acidentes. Os acidentes vão sempre acontecer, mas se há algo que se pode fazer para evitar acidentes é a construção de estradas com melhores condições em Portugal», atiraram, dando também a entender que a distração ao volante tem vindo a ser uma das principais preocupações das autoridades.

«Trabalho com acidentes e, pela experiência, anda tudo a ‘dormir’ na estrada: é ao telemóvel, colado ao da frente, não respeitando o sinal de stop e a cedência de passagem. Já para nem falar na condução com a estrada molhada, que tem de ser totalmente diferente, mais cautelosa. É certo que há estradas que estão em más condições, mas sendo nós seres inteligentes temos de adaptar a nossa condução às condições da via e meteorológicas. Já passei várias vezes no IP3 e no IP4, e só consigo entender que haja acidentes porque muita gente parece que não sabe o que anda a fazer», sublinhou ao SOL outro elemento da PSP.