Numa Venezuela cada vez mais dividida, que enfrenta uma brutal crise económica, potenciada pela pandemia de covid-19 e por sanções, reina a abstenção. A oposição venezuelana, encabeçada por Juan Guaidó, chamou os venezuelanos às urnas este sábado, para rejeitar a validade das eleições legislativas de 6 dezembro, onde votaram apenas 31% dos eleitores, segundo a Comissão Nacional de Eleições. No sábado, mais uma vez, a participação foi muito baixa. Só 31,22% dos venezuelanos votaram na consulta promovida pela oposição, segundo o comité organizador da consulta popular.
Ainda assim, Guaidó não deixou de dar os parabéns aos venezuelanos “pela coragem que tiveram de enfrentar a ditadura de Maduro para ir votar”, escreveu no Twitter, qualificando a eleição de 6 de dezembro como uma “fraude organizada”. Contudo, é cada vez mais claro que esta ida às urnas ficou longe do que pretendia a oposição, que sonhava com uma maré popular que mostrasse a sua força face ao regime. Na maioria dos centros de voto em Caracas, muitos deles casas de particulares, repórteres internacionais depararam-se com pouquíssima afluência, com a oposição a alegar intimidação de milícias chavistas.
Em frente aos eleitores venezuelanos, este sábado, estavam três perguntas de “sim” ou “não”, decididas pela Assembleia Nacional, um órgão composto por membros da oposição, cujo mandato acaba a 5 de janeiro – serão substituídos por chavistas, que obtiveram 91% dos lugares de deputado na eleição de 6 de dezembro. A primeira pergunta era se os eleitores rejeitavam a legitimidade dessa votação, a segunda se desejavam “a cessação da usurpação da presidência por Nicolás Maduro”, e a terceira se queriam “eleições presidenciais e parlamentares livres, justas e verificáveis”.
No total, participaram mais de 6,4 milhões de venezuelanos na consulta, que utilizou meios inéditos. Mais de 2,4 milhões de eleitores votaram através de duas aplicações de telemóvel, o Whatsapp e o Voatz. Algo a que o Nicolás Maduro se referiu na quinta-feira, num discurso em que qualificou Guaidó de “charlatão” e “fantoche” dos Estados Unidos. “Ninguém poderá acreditar que esta consulta na internet tenha qualquer valor jurídico ou constitucional, apenas um valor informativo”.