O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) condenou a "chacota" de que têm sido alvo os trabalhadores da TAP. Em comunicado, este sindicato diz ainda que vai defender de forma "intransigente" os postos de trabalho e os salários.
Num comunicado onde defende que os trabalhadores da companhia aérea “não são lixo”, o Sitava diz que “após um final de semana onde os trabalhadores da TAP foram, em todas as rádios, jornais e televisões, o alvo predileto da chacota e da sapiência nacional, onde os jornalistas e sobretudo os ilustres comentadores foram apimentando as emissões, acabando por ter o seu epílogo com as declarações de vários senhores ministros, que por fim conferiram ao tema a necessária credibilidade”.
O sindicato garante ainda que, segundo os governantes “os trabalhadores da TAP andam, afinal, há anos, a roubar os portugueses”, acrescentando ter sido “decretado neste final de semana que os trabalhadores da TAP vão passar a ser uma espécie de sem-abrigo a quem os ‘contribuintes portugueses’ por especial favor, vão pagar um salário, que por isso tem que ser pequenino, porque quanto maior for, mais os portugueses têm que pagar. Valeu tudo para ofender a dignidade dos trabalhadores da TAP”.
Face aos salários, o Sitava defende que o mesmo é “produto da venda da nossa força de trabalho e jamais deveria ser cortado para trocar por um posto de trabalho”. E acusa: “Essa é talvez a mais perversa das relações. Vem agora o poderoso patrão, impondo à força de lei o corte do salário livremente negociado, anunciar candidamente que ‘se quiseres cortar mais dou-te mais um posto de trabalho’”. Para o Sitava esta situação “não é aceitável”, “é terrorismo”.
Acusando ainda os governantes de mostrar “alguma dificuldade em manter a serenidade e relacionar-se democraticamente com os trabalhadores”, o Sitava diz que “não poderão ser estes a deixar-se levar pelo desespero como se as ofensas que fomos ouvindo fossem lei e, pior ainda, que essa lei já estivesse aplicada”.
Garantindo ainda que os trabalhadores foram massacrados com a parcela dos custos de pessoal, o sindicato lembra “que esses custos são apenas uma parcela e nem sequer a maior”. E, por isso, exige que “os responsáveis, Governo incluído, venham a público, para a mesma opinião pública dizer quais as reduções de custos nas outras rubricas, e se lhe cortam com o mesmo desplante, como por exemplo nas negociatas dos leasings, dos combustíveis, das taxas e comissões, dos fornecimentos externos e tantos outros”.
Recorde-se que o plano de reestruturação da TAP – já entregue em Bruxelas – foi apresentado recentemente e prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas.
Está ainda prevista a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia.