Na passada semana, revelámos aqui que uma delegação do Irão foi, muito discretamente, recebida em Portugal.
Por acordo entre a parte portuguesa e a parte iraniana, esta visita foi mantida sob máxima reserva. Na verdade, esta visita não poderá causar supressa, na medida em que muitos ex-políticos, políticos ativos sempre à espreita de oportunidades de negócios e outros que têm particular apreço por ambientes de negócios controlado (porque só aí conseguem competir) colocaram o Irão como uma prioridade máxima em termos de “novos mercados”. Ainda no final do ano passada, realizou-se uma grande conferência, na Baixa de Lisboa, sobre as oportunidades de negócios no Irão, com a presente de dignatários do regime dos Ayatollahs.
Eles não ignoram, mas desprezam, as consequências geopolíticas do apaziguamento do regime bárbaro dos Ayatollahs iranianos; o que interessa é capitalizar mais uns milhares de euros.
Eles não ignoram, mas desprezam, as novas movimentações geopolíticas de aproximação progressiva (e há muito planeada – o”Iran Deal” de Obama não surge por acaso…) entre as duas maiores ameaças à nossa civilização baseada na liberdade individual e na democracia, desde o nazismo – a China Comunista e o Irão dos Ayatollahs.
Neste contexto de articulação entre os interesses dos Ayatollahs iranianos e dos Chineses Comunistas, surge o foco da delegação iraniana ao nosso país no Porto de Sines. O Irão quer apresentar-se como o principal concorrente a adquirir a gestão e administração de um Porto que será estratégico, verdadeiramente vital, para os equilíbrios de poder que surgirão na ordem mundial nascente.
Para evitar o criticismo que sempre adviria dos EUA pela concessão do Porto de Sines aos Comunistas Chineses, o Governo Português – que não quer perder a tutela que alimenta tantas clientelas partidárias da China Comunista, por um lado; e não afrontar o Aliado que são os EUA de forma aberta, até pela questão da NATO, por outro – está muito interessado em que a China Comunista adquira o Porto de Sines por outra via.
Mais precisamente: pelo recurso a um fundo de investimento de um “genuíno aliado chinês” que é o Irão dos Ayatollahs.
Recordem-se: em Julho de 2020, quando o mundo se concentrava na luta contra o vírus, quando o ciclo noticioso no Ocidente e no “Oriente ocidentalizado” se concentrava na pandemia – o Presidente Xi e Khamenei celebram acordos de cooperação reforçada em áreas económico-comerciais e militares, incluindo em matérias de segurança marítima, investimentos em portos, cybersecurity e…5G. A Huaweii vai entrar no mercado iraniano em termos substanciais, com a garantia de que controlará o que é difundido na internet e controlará as comunicações dos iranianos, garantindo a “unidade do espírito da Revolução Islâmica”…
Pois bem, em Portugal, na verdade, os interesses iranianos já são defendidos, em matéria de gestão portuária, por uma empresa turca com ligações ao Irão e que funciona frequentemente como uma forma jurídica de contornar as sanções contra o regime bárbaro e terrorista dos Ayatollahs.
Não por acaso este grupo turco que já detém a gestão de Portos portugueses muito relevantes tem uma ligação especial ao Partido Comunista Chinês – só nos últimos meses, esta empresa celebrou vários negócios com empresas detidas pelo Partido Comunista Chinês e tem organizado eventos em defesa do projecto “One Belt, One Road” (Um corredor, uma estrada). Os dirigentes máximos desta empresa turca, aliás, são verdadeiras estrelas em Pequim…
O modus operandi que será adotado no Porto de Sines será o mesmo: a China garantirá os seus interesses por via de fundo de investimento ligado ao Irão ou a uma por empresa participada por iranianos (por exemplo, a mesma ou outra empresa turca), que será, na prática, controlada pelos Comunistas Chineses.
Desta forma, não haverá o preço político de o Governo português conceder o Porto de Sines a um inimigo estratégico do seu Aliado, que são os EUA (na verdade, Portugal trata a China como o verdadeiro Aliado e os EUA como um mero parceiro, umas vezes tratado como amigo, outras – a maioria – como colega, seguindo Lisboa o exemplo de Berlim…) – nem a contestação internacional ou a pressão de certa sociedade civil que a China Comunista quer sempre evitar. Segundo nos contou um “amigo imaginário”, utilizando a expressão de um troll ao serviço desta trupe à qual acrescentamos “imaginário e às vezes imaginado”, esta operação já está sendo assessorada por um escritório de advogados de Lisboa e com a colaboração ativa de dois Catedráticos da Escola de Direito portuguesa que mais apreciamos.
Objetivo final: os dois regimes bárbaros do Irão e da China estão juntos na construção da “Rota da Seda”, que criará, no fim do dia, um corredor entre os dois países (daí também o apoio da China Comunista e dos Ayatollahs à Frente Polisário), movendo o “centro do mundo” para a Oriente.
Mais: temos também a informação – de amigo imaginário e imaginado – que a delegação do Irão dos Ayatollahs discutiu com o Reitor de uma Universidade situada no Campo Grande , em Lisboa, a criação de um Instituto de Estudos Políticos e Relações Internacionais, com o apoio de alguns políticos e ex-políticos (alguns deles, mesmo em estado de pandemia, não perderam a ocasião para se encontrarem com a comitiva dos Ayatollahs).
Agora, um pormenor muito curioso e sugestivo: este Instituto terá que versar sobre matérias ligadas…ao Mar, à Segurança Marítima, à “geopolítica dos mares” e à administração portuária.
Ora, os iranianos querem apoiar a criação de um instituto universitário em Portugal…definindo já o seu objeto muito especifico: assuntos relacionados com o Mar e Portos. Não é por acaso – trata-se claramente de um Instituto para fazer lobby a favor dos interesses iranianos e chineses comunistas, focando-se naquilo que é o seu especial interesse no nosso país…
Continuar a não querer ver o óbvio – a China Comunista e o Irão são ameaças reais à segurança nacional de Portugal – é condenar as gerações (ainda) presentes e futuras a pagar um preço muito, muito elevado…