Desde o final do mês de Agosto que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) tem alertado para o possível encerramento da Urgência Pediátrica do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).
Num comunicado enviado ontem às redações, o SMZS reportava o agravamento da situação – ainda assim, o hospital garante que o serviço em causa “não se encontra nem nunca encontrou em risco de encerrar”.
Contactada pelo i, Guida da Ponte, vice-presidente do SMZS, explicou que, devido à demissão de vários médicos e ao facto de outros terem atingido o limite de idade, “a urgência passou de maneira formal a ter apenas um pediatra”. De acordo com o Hospital cada turno é assegurado por pelo menos “1 pediatra, 1 interno de pediatria e 1 médico não pediatra, com experiência em pediatria”.
Devido ao facto de esta unidade servir cerca de 470 mil habitantes, o hospital é obrigado a ter um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC), do qual a Urgência Pediátrica faz parte. Para cumprir estas condições, é necessária a “presença física permanente de pelo menos dois pediatras”, segundo o despacho nº 10319/2014. De acordo com a sindicalista, estão apenas disponíveis dois médicos para preencher a escala de trabalho de 24 horas/7 dias, tornando assim impossível o cumprimento das ordens do despacho.
Mas para o Hospital de Évora as contas são outras. Dos 23 pediatras efetivos no HESE, oito têm condições para estar ao serviço da urgência pediátrica. Desses oito, quatro estão com atestado médico e portanto indisponíveis. Em janeiro foi feito o contrato anual com dois pediatras e desde setembro com mais 10 para que pudessem assegurar o serviço de urgência pediátrica.
Mas este não é o único problema apresentado. O sindicato refere que além da pressão exercida pela Diretora Clínica do HESE, o hospital desceu de categoria em termos de qualidade das urgências. Ou seja, em vez de ter um Serviço de Urgências Médico-Cirúrgicas, como é exigido pelo número de pessoas que serve, tem apenas um Serviço de Urgência Básica. O HESE, porém, afirma que se mantém “com a mesma categoria e o mesmo número de médicos na equipa de urgência pediátrica, assim como o perfil dos médicos se mantém”.
O SMZS acusa a diretora clínica do hospital de não ser capaz de “conhecer as suas obrigações bem como de gerir o hospital, pressionando os médicos pediatras a trabalharem até à exaustão”.
O Hospital de Évora esclarece que, apesar de estar com “falta de recursos humanos de Pediatria, como o resto do país”, já tentou contratar mais profissionais porém sem sucesso. Para que fosse possível essa mesma contratação, o hospital implementou medidas “nomeadamente, a abertura de vagas em concursos nacionais, fixação de médicos interessados em mobilidade e, na ausência de outras contratações, contratos em prestação de serviços”.