Se tudo correr como esperado, a próxima segunda-feira marca o pontapé de saída na vacinação na União Europeia. A Agência Europeia do Medicamento deverá deliberar sobre a vacina da Pfizer, a primeira na calha para ser aprovada. A confirmar-se, já há data para a chegada do primeiro lote de vacinas em Portugal: chegarão duas caixas no dia 26 de dezembro, que permitirão começar a vacinar simbolicamente ainda este ano. A escolha da task force para o arranque da vacinação ainda em 2020 – chegarão 9750 vacinas, suficientes para vacinar cerca de 4500 pessoas, uma vez que a regra é só vacinar pessoas quando há garantias de que a segunda dose está no país – recaiu sobre os profissionais de saúde. Têm prioridade os que estão diretamente com doentes e mais expostos (cuidados intensivos, atendimento covid, urgências).
A 5 de janeiro chegam mais 300 mil vacinas. No primeiro mês do ano, os esforços estarão concentrados nos lares e cuidados continuados, onde a task force estima vacinar 118 mil pessoas. Serão também vacinados 21 mil profissionais de saúde, ainda menos de 10% dos 300 mil que se pretende vacinar na primeira fase.
Em fevereiro é esperado o início da vacinação nos centros de saúde, com os doentes de risco a serem convocados por SMS. No final de fevereiro, a expetativa é que estejam vacinadas 335 mil pessoas – com uma cobertura de 75% no caso dos lares, mas tanto nos profissionais de saúde como nos doentes de risco e, depois, nos profissionais das forças de segurança, a vacinação vai demorar mais do que se antevia. A vacinação do primeiro contingente, estimado em 950 mil pessoas, poderá arrastar-se até abril, iniciando-se então a 2.ª fase, que abrange maiores de 65, tenham ou não doenças, e pessoas com mais de 50 anos com algumas doenças, entre as quais cancro, diabetes ou hipertensão.
A esta altura, no entanto, ainda não começou a triagem dos doentes da 1.ª fase, que inclui pessoas com patologia cardíaca, renal e pulmonar grave. A task force estimou que sejam 400 mil nestas condições. Rui Nogueira, da Associação Nacional de Médicos de Medicina Geral e Familiar, explicou a este jornal que está previsto que seja a Administração Central do Sistema de Saúde a fazer as primeiras listagens. O médico adianta, no entanto, que uma primeira análise feita com base nos critérios apresentados pela task force apontou para 8% a 10% dos utentes seguidos nos centros de saúde a preencherem os requisitos, o que significaria cerca de 800 mil doentes a vacinar na 1.ª fase – o dobro do estimado. O médico admite que a 2.ª fase possa só ter início em abril ou maio, dependendo da entrega de vacinas.