O Presidente de República deixou uma mensagem de Natal, divulgada pelo Jornal de Notícias, onde falou sobre os desafios que o país tem enfrentado este ano devido ao aparecimento do novo coronavírus e onde deixou um apelo aos portugueses para um “consenso alargado” e um “reforço da coesão social” para combater a crise económica provocada pelo aparecimento da doença.
“O Natal de 2020 é vivido com duas pandemias simultâneas e com dramática vivência de agravados fossos sociais. E esta junção de crises converte este Natal num terreno nunca experimentado”, afirmou Marcelo.“O mais urgente é olhar para o Natal de 2020 com uma visão de prazo mais curto – evitar que ele crie condições objetivas para um arranque negativo ou muito negativo de 2021. Tudo o que pudermos fazer para acautelar as semanas e os meses mais próximos, deve ser feito”, apelou ainda o chefe de Estado.
Para o Presidente da República, “o consenso alargado para criar condições para um melhor arranque de 2021, em termos de pandemia sanitária, deve estender-se ao que vão ainda ser meses de surto e sua prevenção, enquanto a vacinação avança”.
Marcelo não deixou de elogiar o comportamento dos portugueses para combater a pandemia e pede que esta força não se esqueça durante a quadra natalícia. “Não iremos esmorecer, nestes dias, por entre a alegria responsável do reencontro e a redescoberta do valor da esperança na resistência às dificuldades. Já percorremos tanto caminho juntos e com inabalável determinação, que nada poderá levar-nos a deitar a perder o realizado”, sublinha.
O chefe de Estado recordou ainda outros Natais complicados que Portugal já enfrentou. “Portugal conheceu, na vida dos menos jovens, Natais em guerra. Recordam-no os de mais de 90 anos, do fim da sua infância ou começo da adolescência. Uma guerra lá fora, mas com constrangimentos cá dentro, por exemplo em matéria de abastecimento de certos bens ou ainda de algum sobressalto no início da década de quarenta”, aponta Marcelo, recordando ainda a emigração de “um milhão de portugueses, entre o começo da década de 60 e 1974, e a continuar nas crises nos anos 70, 80 e segunda década do século XXI, diversas entre si, mas todas determinando intervenções internacionais”.
Marcelo aponta ainda que a pandemia "está para ficar semanas e meses, ninguém sabendo ou podendo prever quantos" apesar do aparecimento da vacina.
Na mensagem de natal deste ano, Marcelo destacou ainda as “consequências psicológicas" provocadas pelo aparecimento da covid-19 devido à "mudança de comportamentos sociais" e "à alteração de relações comunitárias”.
“Na ausência de padrões comparativos que permitam medir o alcance e a profundidade do que se mudou, do que se alterou, do que vai ficar, do que irá partindo à medida que a pandemia se atenua e que a recuperação e a recriação económica e a correção das desigualdades se tornam visíveis", pode ler-se na mensagem. “Com hesitações, descontinuidades, tergiversações, todas elas dispensáveis e mesmo contraproducentes, o desafio é importante demais e o tempo premente demais, também ele, para comportarem outra coisa que não seja continuar o feito e acelerar o que, na mesma linha, há que fazer”, concluiu o chefe de Estado.