Pedro Santana Lopes, antigo primeiro-ministro que fundou o partido Aliança, saiu da liderança em setembro. Foi o fim de um ciclo que começou, cheio de gás, no início de 2019. Os resultados eleitorais não apareceram e o também ex-líder do PSD optou por entrar numa fase de silêncio, tentando não interferir e esperar para ver que caminhos segue agora o partido Aliança.
Sem Santana na liderança, somaram-se ainda desfiliações de peso da fundação daquela força política. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz, a advogada Ana Augusto-Pedrosa, Bruno Ferreira da Costa (que desenhou o programa do partido), Carlos Medeiros, que foi cabeça-de-lista do partido por Setúbal e presidente do Conselho Municipal de Genebra, Manuel Guerreiro, advogado de profissão, e Ana Costa Freitas, presidente da mesa do congresso, desfiliaram-se nos últimos meses.
Há quem pondere também sair, como Pereira da Costa, ex-presidente da comissão jurisdicional.
Por outro lado, aumentaram as novas filiações no Porto, Braga e Faro, e nomes como Carlos Pinto, Luís Cirilo e Carlos Poço (provedor da Santa Casa da Misericórdia de Leiria) voltaram a estar mais ativos no partido, agora liderado por Paulo Bento, uma figura de quem Santana Lopes é amigo pessoal.
O fundador e ex-líder do partido Aliança segue com expetativa o desenrolar dos acontecimentos, apurou o Nascer do SOL. Na última reunião do senado, o órgão máximo entre congressos, Santana Lopes assistiu via Zoom, mas não fez qualquer intervenção. Limitou-se a assistir para não condicionar o debate a partir daqui, pois há quem defenda que o partido deveria fechar portas. Contudo, o partido Aliança tem-se reforçado no Norte, com figuras como Maria João Moreira (irmã de Rui Moreira) numa linha defensora da regionalização. As distritais de Lisboa e Porto apoiam a recandidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa mas, na direção nacional (com representantes de todo o país), o resultado foi contrário. A Aliança não apoiará ninguém nas presidenciais.
Certo é que Santana Lopes se mantém equidistante e um jantar com o líder do PSD, Rui Rio, alimentou todo o tipo de cenários autárquicos na semana passada. O próprio limitou-se a dizer à TSF que não é candidato «a nada» nem pediu nada a Rio. No entanto, recebeu contactos de duas distritais do PSD: a de Coimbra e a de Lisboa.
C.R.