Por Pedro d'Anunciação
O caso Camarate, que vitimou o então (há uns 40 anos) primeiro ministro Sá Carneiro e o ministro da Defesa Amaro da Costa, respectivas mulheres, António Patrício Gouveia (chefe de Gabinete do PM) e pilotos terá sido mesmo acidente ou atentado?
Na altura, em que tratei do assunto como jornalista, os técnicos investigadores apontavam para acidente, e alguns políticos, que queriam sobretudo comprometer Balsemão como sucessor natural de Sá Carneiro, preferiam o acidente (sempre sem provas nenhumas, e com motivações e autores a mudarem constantemente, à medida que os anteriores se tornavam impossíveis).
Acidente, existiu mesmo. Atentado, dependia dos humores de políticos. Mas um PR, que além do mais é professor do Direito, a alardear num caso destes convencimentos reconhecidamente sem provas, cheira demasiado a Trump. É como se ter lembrado muito tardiamente (como de resto a grande maioria das pessoas) do caso do SEF. Não será por isto que deixarei de votar nele.
Porque conhecendo-o, sei que é capaz de reconhecer os seus erros, ao revés de Trump. E sabe-se, de resto, que Balsemão era dos maiores amigos de Sá Carneiro, como se poderá ver publicamente pelo livro de Agustina, Os Meninos de Oiro. Finalmente, o responsável português pela investigação era um insuspeito inspector da Judiciária, que penso ter trabalhado no Gabinete do ex-ministro salazarista Cavaleiro Ferreira.