A notícia da atualização em alta do salário de três administradores da TAP – Miguel Frasquilho, Ramiro Sequeira e Alexandra Vieira Reis – é a mais recente polémica envolvendo a companhia aérea. Os aumentos foram formalizados durante o período em que estava a ser traçado o plano de reestruturação da empresa, que prevê a eliminação de dois mil postos de trabalho e o corte de 25% nos ordenados superiores a 900 euros (e de 30% no caso dos órgãos sociais).
A nomeação de Ramiro Sequeira como CEO da companhia valeu ao administrador, que passou a acumular este cargo com o de COO [chief operating officer], um aumento de ordenado dos 18 mil para os 35 mil euros brutos mensais – ainda assim, um montante inferior aos 59 mil euros que auferia mensalmente o seu antecessor, Antonoaldo Neves. Miguel Frasquilho, presidente do conselho de administração do Grupo TAP, passou a acumular as mesmas funções na TAP, S.A.. passando dos 12 mil para os 13,5 mil euros brutos por mês, enquanto Alexandra Vieira Reis, diretora do grupo, passou a administradora e a integrar a comissão executiva da companhia, e viu o salário aumentar dos 14 mil para os 25 mil euros mensais – aumentos que tiveram de ter o aval do Governo.
Embora não tenham reagido oficialmente, os sindicatos manifestam descontentamento com estes aumentos. Contactado pelo i, Henrique Louro Martins, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), refere que “na fase em que estamos, seja qual for o cargo que se ocupe, esta subida de ordenados é incompreensível”. A opinião é partilhada por José Sousa, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), que classifica a revisão das remunerações como “um ato de imoralidade”. “Não me parece sensata esta decisão perante tanto sofrimento dos trabalhadores”, diz o líder do Sitava.
Entretanto, Miguel Frasquilho já confirmou ter abdicado do aumento de 1500 euros com efeito à data de 28 de outubro. O Ministério das Infraestruturas e Habitação também emitiu ontem uma nota onde esclareceu que a TAP não teve acréscimos de custos salariais com a revisão salarial dos três administradores, “bem pelo contrário”. Em comunicado enviado às redações, o Governo esclarece que ocorreu mesmo uma redução em 33% da renumeração em valores brutos neste período. O ministério de Pedro Nuno Santos esclarece que os valores noticiados “não são aqueles que efetivamente têm sido pagos aos três administradores, uma vez que se trata de valores brutos, sobre os quais têm sido aplicadas reduções que atingiram os 35% durante o layoff (uma percentagem de corte superior à que foi aplicada aos trabalhadores)”.