O marketing é a arma secreta. É por isso que vemos Marta Temido a chorar na televisão pelos sacrificados na pandemia ou Catarina a colocar fotos de gatinhos no Twitter…
Vivemos numa Democracia digital de massas, onde tudo nos chega pelo telemóvel. 75% dos acessos à internet fazem-se pelo telemóvel. Aliás, o telemóvel serve atualmente para tirar fotos, aceder à internet e às redes sociais, receber e enviar mensagens – falamos de viva voz cada vez menos.
Tudo nos chega pelo telemóvel e computador, sejam o entretenimento, a informação, o amor ou o ódio. Vemos mais imagens do que lemos textos, e os textos que lemos são curtos, dois três minutos. As pessoas ficam a saber das questões políticas, e informadas quando têm interesse, pelo que leem online, nos sites dos jornais e TVs, mas sobretudo pelo que vão lendo nas redes sociais.
Tal significa que os conteúdos políticos estão muitíssimo mais acessíveis, facilmente disponíveis e à distância de um olhar ou de clique, o que seria um fator muito positivo para a melhoria da Democracia, também tem as suas consequências.
A primeira das quais é que ninguém tem a complacência de olhar para a política com outros olhos. As pessoas, os eleitores, olham para o telemóvel com os mesmos olhos com que olham para o resto. Isso significa que querem políticos com o aspeto de estrelas do Instagram, as certezas do Facebook, a genica do YouTube e as falas cheias de significado que veem nas séries da Netflix.
E de nada adianta os políticos argumentarem que estão a desempenhar tarefas nobres ou que a Democracia se rege por outros valores, etc. se chega pelo telemóvel, se está na net, para as grandes massas, não há distinção. Na sociedade de massas, a Democracia é só mais um produto.
Quando chegamos ao produto, porém, estamos no reino do marketing e é claro que Emídio Rangel estava cheio de razão quando disse que vender sabonetes e presidentes é a mesma coisa, claro que é. Porque os compradores são os mesmos. São as pessoas, eleitores, compradores, numa sociedade de massas, agarradas ao telemóvel e ao computador, a ser bombardeadas por ações de marketing muito eficaz.
O marketing é a arma secreta que nos faz escolher um produto em vez de outro, um político em vez de outro. E as escolhas das pessoas são muito mais emocionais do que racionais. É por isso que vemos Marta Temido a chorar na televisão pelos sacrificados na pandemia ou Catarina a colocar fotos de gatinhos no Twitter. Amadorismo, fraqueza? Claro que não. Marketing: a empatia funciona.
Quando se vende um produto, qualquer produto, e a política também é esse produto, maus modos, falta de sorriso, falta de empatia com o sofrimento do outro, falta de inteligência emocional, arrogância, afastam os clientes, ou seja, cara azeda ‘não vende’…
E por falar em marketing, deixo uma última lição: por mais voltas que se dê, o rótulo de ‘Novo’ ainda é o que faz despertar mais a atenção. Há promessa de futuro e esperança no ‘Novo’. Isto significa que em Democracia um político requentado a prometer regresso não vende… Não me culpem a mim, sou apenas a mensageira.
Um melhor 2021 para todos nós que bem merecemos!