«A sua presidência irá liderar a União Europeia (UE) rumo a uma era pós-covid». O prognóstico foi feito em dezembro pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, após um encontro com o primeiro-ministro, António Costa, no início de dezembro, em Bruxelas. Portugal assume a presidência da União Europeia nos próximos seis meses, pela quarta vez na sua história de adesão ao projeto europeu (fê-lo em 1992, 2000 e 2007). Todas deixaram marca, mas também algum desgaste no Governo. Talvez por isso, o primeiro-ministro queira delegar mais funções no ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, no próximo semestre,
Uma boa parte dos assuntos serão geridos pelo ministro, avançou o Público. Neste quadro, a peça-chave neste processo será a ajuda de Ana Paula Zacarias, secretária de Estado dos Assuntos Europeus, com longa carreira diplomática, designadamente em Bruxelas.
Já o primeiro-ministro dedicará um dia por semana em exclusivo à União Europeia, e será ele a gerir o país a tempo inteiro, tentando evitar que a governação interna sofra o natural desgaste de estar ausente, de forma prolongada, na Europa. Mas os desafios da presidência portuguesa da União Europeia são vários. À cabeça está a vacinação contra a covid-19, um desafio que já começou (e arrancou genericamente bem na UE), mas que é preciso manter, sem falhas. Há também que regulamentar e avançar com os programas aprovados ao abrigo do Quadro Financeiro Plurianual e conseguir que a primeira tranche da chamada bazuca europeia comece a chegar aos vários Estados-membros durante a presidência europeia.
Do ponto de vista da agenda portuguesa para o próximo semestre haverá um ponto alto com a Cimeira Social, prevista para 7 e 8 de maio, no Porto. Será aí que Portugal pretende aprofundar o chamado Pilar Europeu dos Direitos Sociais. Mas também há a intenção de reforçar laços entre Europa e África, Índia e, claro, recuperar a relação transatlântica com os Estados Unidos na nova era de Joe Biden.