A América assiste ao impensável, com uma multidão, incitada pelo próprio Presidente Donald Trump a sair à rua, tomando o Capitólio durante a contagem de votos do colégio eleitoral. Senadores e congressistas tiveram de ser evacuados do hemiciclo, refugiando-se em Fort McNair, segundo a CNN, que avançou que foram encontrados dois artefactos explosivos reais nos escritórios do Capitólio. A Guarda Nacional já está a caminho do local, após ser noticiado inicialmente que o departamento de Defesa se recusara a colocar os militares em campo.
À medida que a multidão pró-Trump foi invadindo o edifício, foram ouvidos vários tiros, tendo uma mulher sido atingida e ficado em estado crítico, segundo a ABC. Muitos dos manifestantes acenavam bandeiras, outros tiravam selfies dentro de gabinetes e do hemiciclo. No exterior, foi disparado gás lacrimogéneo e vários agentes de segurança foram feridos. Entretanto, as autoridades decretaram um recolher obrigatório na cidade.
A diferença da reação policial ao assalto ao Capitólio, quando comparada com as duras táticas utilizadas contra os protestos do Black Lives Matter na capital, não deixou de ser notada por vários analistas. "A demonstração de força incrível que vimos em Washington DC este verão… Onde está? Não estiveram sequer próximos do que estamos a ver hoje", estranhou a jornalista Abby Philip, da CNN, no Twitter.
Trump, acusado de incitar à violência, em protesto pela sua derrota eleitoral nas eleições de 3 de novembro, que ainda hoje recusa aceitar, acabou por apelar aos manifestantes que protestassem pacificamente, após uma longa demora em fazê-lo. Mesmo assim, não resistiu a qualificar os seus apoiantes nas ruas como pessoas "muito especiais", num vídeo que divulgou nas redes sociais.
"Conheço a vossa dor, sei que estão magoados. Tivemos uma eleição que nos foi roubada", declarou o Presidente, apesar de nunca ter conseguido produzir qualquer prova de fraude eleitoral. "Não podemos jogar o jogo destas pessoas. Temos de ter paz. Vão para casa, nós adoramos-vos", disse Trump, dirigindo-se aos seus apoiantes nas ruas.
Já o Presidente eleito, Joe Biden, declarou: "Peço ao Presidente Trump que vá à televisão nacional, para cumprir o seu juramento, defender a constituição e exigir o fim desde cerco". Acrescentando: "Não é um protesto, é insurreição. O mundo está a ver".