A crise mundial resultante da pandemia da covid-19 colocou-nos em pé de igualdade com os países mais ricos. Nas crises das últimas décadas, Portugal partiu sempre no fim do pelotão. Os países do centro e norte da Europa, mais ricos e desenvolvidos, facilmente adotaram políticas que os catapultaram para a retoma económica. Em Portugal as políticas económicas e fiscais resultaram sempre num aumento do fosso para os outros.
Mas desta vez vamos partir no pelotão da frente.
Os portugueses têm uma experiência única de se reinventarem perante a adversidade, uma resiliência ímpar. Temos uma experiência única de viver e ultrapassar crises. Mais do que qualquer outro povo na UE.
Por isso, temos uma oportunidade única de conseguir, pela primeira vez na história, alcançar o nível económico da média europeia.
Mas para isso precisamos de gerir com eficácia a bazuca financeira. Temos de investir nas empresas e nas pessoas e não em obras faraónicas de regime que pouca ou nenhuma riqueza nos trazem. Estado e empresas, governantes, gestores e trabalhadores, têm de lutar por um país que há muito ambicionamos.
Mais uma vez, como na época da troika, o turismo vai ser o fator decisivo.
A Europa será o destino dos europeus, que evitarão destinos nas Américas, Ásia e África. E aí Portugal pode e vai ser seguramente o primeiro destino. Uma oportunidade única para o tão ambicionado milagre económico.
Por isso urge, governo e sociedade civil em conjunto, criarem grupos de trabalho para nos prepararmos para a procura que vai acontecer no momento em que a imunidade de grupo for alcançada.
Segundo estudos da comissão europeia, 40% do turismo da Europa é um turismo cultural. A cultura no sentido lato, a fruição do património, da paisagem, da gastronomia, elementos identitários e atrações várias, como espetáculos e festivais de música, são um ponto forte a nosso favor.
De resto temos tudo: boas infraestruturas, excelentes profissionais, hotelaria e restauração de excelência, património material e imaterial relevante, um país seguro, um clima fantástico, um povo que sabe receber.
Mão à obra portugueses, porque a mesma água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte.