A questão central que se coloca nos palcos mais elevados da política internacional ‘ocidental’ é a de saber se a China ultrapassará os EUA como maior ‘potência mundial’ (carregando neste conceito as capacidades militares e as ‘intenções de dominação universal’ do Partido Comunista da China (PCC) e, consequentemente, se os EUA ‘irão deixar’ que tal aconteça.
A questão assim colocada, levaria à justificação de todas as ações necessárias à destruição da China (tal como a conhecemos), ou ‘por dentro’, através da derrota e eliminação do PCC e a sua substituição por ‘algo conveniente’, ou, então, ‘por fora’, através de uma guerra de grande envergadura (que teria de ser fulminante e nuclear). Os EUA e os seus ‘amigos democratas’ ao serviço do Capital Financeiro Internacional, têm vindo a jogar nestas duas possibilidades há muito tempo, de modo cada vez mais acelerado à medida que vão sentindo o terreno a fugir-lhes debaixo dos pés.
De facto, nem a direção da sociedade chinesa pelo PCC tem ficado enfraquecida, bem pelo contrário (sondagens internas feitas por entidades norte americanas dão mais de 90% de apoio à direção do PCC), nem os EUA contam hoje com vantagens militares e tecnológicas que lhes permitam um assalto direto à China. A sua superioridade para um ataque fulminante continua a ser maior do que a chinesa para resistir, tanto em meios como em tecnologia. Contudo, essa superioridade morre quando se considera a aliança estratégica da China com a Rússia, detendo esta hoje clara superioridade tecnológica e em meios operacionais para assegurar a destruição mútua em vasta escala, ‘coisa’ que, sinceramente, ninguém poderá desejar.
Quem, por outro lado, não esteja disposto a engolir o palavreado dos falcões e dos arrogantes norte americanos e tenha por hábito estudar melhor as coisas, não só ao nível da ‘conversa’ mas também dos ‘factos no terreno’, verá que a política da China é de Competição Económica e não militar. E mais, é de Competição com as potências agressivas, que ainda pensam poder fazer um bloqueio marítimo à China, como sonha o sr. George Friedman, e de Cooperação Económica com todo o resto do mundo. Com certeza que não se considerará que o Japão, A Coreia do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia, por exemplo, sejam parvos suficientes para entrarem, sem as suficientes garantias, ao lado da China, na Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP, em inglês), que envolve 15 países da Ásia e Oceânia, com 2,1 mil milhões de consumidores e 30% do PIB mundial.
Igualmente, ao contrário do que muitos ignorantes ou servos dos EUA na Europa apregoam, não dará para concluir que a Alemanha, a França e a UE tivessem sido ‘parvinhos de todo’ ao estabelecerem o recente acordo de investimentos com a China. Sim, a UE fez muito bem em apostar num mundo de Paz, de Cooperação e Prosperidade. O processo será longo, sinuoso, mas na direção correta. Principalmente quando revela que na Europa existem bases suficientes para que a UE se afirme internacionalmente como entidade autónoma e não como um lacaio do que de pior existe nos EUA.
Os EUA estão num processo inexorável de colapso enquanto ‘donos do mundo’. Ninguém deseja o seu colapso enquanto nação contendo inúmeras potencialidades para um mundo Melhor para Todos. Tem problemas sociais e políticos internos que minam a sua capacidade. Ficar agarrado ao passado seria muito mau para a UE, principalmente se ficar vulnerável a qualquer aventura militar norte americana (e seus peões) na zona do Báltico ou de Kaliningrado, contra a Rússia.
Há que andar para a frente, para o Futuro, para um Futuro de Paz, de Cooperação e Desenvolvimento Global, em todo o planeta, vencendo contradições e desconfianças, devagar e com segurança. De Lisboa a Vladivostok e muito para além disso!
Boa, Sra. Merkel e Sr. Macron! Parabéns!