Depois de Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente do CDS-PP, propor a realização de um Conselho Nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança do partido, num artigo publicado esta terça-feira à noite, Francisco Rodrigues dos Santos já reagiu e lançou uma contraproposta: “Reúna as assinaturas necessárias para convocar um conselho nacional".
Num artigo de opinião publicado no jornal Observador, Mesquista Nunes alertou que "o CDS tem um problema de sobrevivência" e não tem "muito tempo para resolvê-lo", alegando que "não se trata de uma opinião singular mas de um juízo consensual”. Embora considere que a direção liderada por Francisco Rodrigues dos Santos "tem total legitimidade para continuar em funções, tendo ganho um congresso", o antigo dirigente criticou que "diariamente se confirma que a atual direção do CDS não foi capaz de liderar esse projeto e essa estratégia, independentemente das boas intenções".
“A crise de sobrevivência que o CDS hoje atravessa não conseguirá ser resolvida com esta direção", defendeu.
Francisco Rodrigues dos Santos não tardou em reagir e, em entrevista à rádio Observador, esta quarta-feira, e num tom irónico, saudou o regresso de Mesquita Nunes aos trabalhos partidários, referindo que depois de este ter ido tratar da sua vida profissional, voltou, “de repente”, a "interessar-se pela vida" do CDS.
"Isto não é assim. Um ex-dirigente do CDS de repente volta a interessar-se pela vida política do partido, depois de ter coordenado um programa eleitoral do partido e de o ter abandonado. Não se convocam eleições no CDS por dá cá aquela palha", atirou. "Nada impede que Adolfo Mesquita Nunes seja consequente com o artigo que escreveu e reúna as assinaturas necessárias para convocar um Conselho Nacional que possa deliberar sobre convocação de um Congresso", desafiou.
Chicão, como é conhecido, diz que tomou “boa nota” da opinião de Mesquita Nunes, mas lembra que a opinião do antigo dirigente do CDS agora divulgada "corre ao arrepio da opinião que [este] tinha expressado no último Conselho Nacional, que ocorreu há sensivelmente um mês, e onde defendeu que esta direção deveria concluir o seu mandato".
Rodrigues dos Santos destaca ainda que o lugar na liderança não é seu, "pertence aos militantes do CDS”. “Não fui eleito por padrinhos, nem barões do partido. Fui eleito pelas bases, pelos militantes, que sabem desde a primeira hora que este lugar lhes pertence", defendeu.
"Eu tenho vontade pessoal para cumprir o meu mandato e eu não provoco incidentes internos no partido para interromper as lideranças. Estou disponível para haver clarificações dentro do CDS, agora quero perceber quais as motivações de fundo que estão por detrás disto", acrescentou ainda.
Questionado sobre possíveis saídas, nomeadamente de quadros, o líder do CDS relativizou o problema. "Conto com todos os que queiram estar no CDS por convicção, porque acreditam no partido e nos seus valores. As lideranças vão e o partido fica", notou.
"É nas alturas mais árduas que se vê a craveira dos militantes e dos dirigentes. Nas alturas fáceis, todos estavam cá. Quando havia lugares para distribuir no Governo, quando havia colocações na administração do Estado… Aí éramos todos do CDS e batíamos com a mão no peito. Quando a luta aperta é que eu quero olhar quem são as pessoas que estão ao meu lado e desta direção para ajudar a reerguer o partido”, vincou."Se nas alturas de vacas gordas todos estão disponíveis, nas de vacas magras vai haver gente que certamente vai desertar", concluiu.