Os atendimentos aos pacientes nos hospitais do Reino Unido estão a ser cada vez mais interrompidos por múltiplas invasões de grupos de negacionistas da covid-19. Este movimento está a difundir ódio, através das redes sociais, contra os funcionários do serviço nacional de saúde britânico, NHS, garantem os profissionais de saúde e as autoridades policiais ao The Guardian.
De acordo com a noticia do jornal inglês, o caso mais recente aconteceu na semana passada, quando um grupo de pessoas foi expulso por um segurança da ala da covid-19. Um dos membros expulsos gravou o momento, onde se pode ouvir que o vírus é uma farsa e exigir que um paciente, que estaria em estado grave, fosse levado para casa.
O médico respondeu-lhe que caso isso acontecesse e se lhe for retirado o tubo de oxigénio, o paciente poderia morrer pois está a tratar uma pneumonia, que contraiu por ter estado infetado com covid-19, através da administração de esteroides e antibióticos.
O homem ignorou as palavras e continuou a dizer que o paciente devia ser levado para casa e substituir o tratamento por vitamina C, D e zinco. “Nenhum desses tratamentos são comprovados para lidar com o coronavírus”, avisou o médico.
Mais tarde, o vídeo foi publicado nas redes sociais, não sendo caso único, podem encontrar-se outras gravações semelhantes no Facebook. Depois do The Guardian contactar esta plataforma, foram identificados mais imagens e vídeos chocantes, nas quais estes conspiracionistas descrevem a equipa do NHS como os “homicídas do ventilador”.
O vídeo continua a ser partilhado, o que levou, esta quarta-feira, a polícia britânica a pedir a ajuda para encontrar o homem de 45 anos, natural de Kent, que é apontado como sendo um dos autores do último incidente do género, que ocorreu no hospital de East Surrey.
Sublinhe-se que estes ataque começaram na véspera de Ano Novo, quando centenas de negacionistas apareceram à porta do hospital St.Thomas, em Londres, para recolher imagens da enfermaria. A partir deste momento, já foram perseguidas uma dúzia de enfermeiras, com vários vídeos partilhados nas redes sociais. Já foram aplicadas multas a pelo menos sete pessoas.
O sindicato que representa os médicos ingleses, Doctors’ Association UK, já denunciou as "atitudes inaceitáveis" que põem em causa a segurança da equipa e também dos pacientes que estão à sua guarda. Esta entidade defende que as plataformas Twitter e Facebook devem ser responsáveis pela eliminação destes vídeos.
“Os funcionários estão exaustos. Eles não deveriam ter que lidar com abusos e até ameaças de morte nas redes sociais”, disse a médica e presidente do sindicato, Samantha Batt-Rawden.
“Eles também não deviam ter de ficar preocupados em chegarem a horas ao turno devido às multidões que gritam 'covid é uma farsa' com os hospitais cheios de pacientes que estão doentes a morrer. Isto está a acabar com a moral, mas pior ainda, pode estar a prejudicar o atendimento ao paciente”, explicou.
O incidente no hospital East Surrey está a ser investigado pela polícia, que já emitiu multas e advertências. No inicio de janeiro, foram presos quatro homens que filmaram o interior de hospitais, em West Midlands e Worcestershire, e também uma mulher que gravou imagens em Gloucestershire.