A Polónia, que já tinha algumas da leis mais rígidas contra o aborto na Europa, passou a ter regras ainda mais estritas, a partir da meia noite de quarta-feira. A nova legislação penaliza mulheres que abortem mesmo em casos de deformação fetal grave ou irreversível.
Apesar de ainda ser permitido o aborto em casos de violação ou incesto, estima-se que 98% dos abortos efetuados na Polónia, em 2019, foram devido a malformações fetais. Agora, nos casos mais críticos, muitas polacas terão de levar até ao fim gravidezes em que sabem que o feto não sobreviverá, enfrentando todos os danos psicológicos e físicos que daí resultam. Todas os anos, cerca de mil mulheres abortavam na Polónia – estima-se que 200 mil o tenham feito ilegalmente ou viajando para o estrangeiro.
O Governo do partido Lei e Justiça, que tem laços estreitos com a conservadora Igreja polaca, não se deixou demover pelos protestos massivos dos últimos meses. Mal a nova lei entrou em vigor, milhares de pessoas saíram à rua, furiosas, e em rutura com o confinamento. O próprio presidente da Câmara de Varsóvia, Rafał Trzaskowski, apelou às mulheres que se manifestassem pelos seus direitos.