Está neste momento a protagonizar séries e novelas em vários canais e plataformas: na HBO, na Netflix, na Globo, na SIC, na RTP e na TVI. Como encara isto?
É verdade, entre os projetos que estou a fazer atualmente e reposições de trabalhos mais antigos, tenho vários produtos no ar. Mas é engraçado vê-los em simultâneo porque representam também aquilo que tem sido a minha carreira a nível de escolhas. Uma coisa que caracteriza o meu percurso é o facto de me propor fazer projetos diferentes e dar vida a personagens completamente diferentes. Essa é sempre a minha procura, desafiar-me com novas abordagens e mergulhar em universos distintos, podendo evoluir e crescer como atriz de trabalho para trabalho.
Dos seus projetos que estão agora no ar, qual a personagem que mais gostou de interpretar?
Isso é sempre uma pergunta muito difícil de responder. Eu nunca aceitei fazer nenhuma personagem que não quisesse mesmo fazer. Sou muito criteriosa no meu processo de escolha e, portanto, posso ter tido alguns projetos que foram mais além das minhas expetativas ou não excederam as minhas expetativas, mas nunca é alguma coisa que eu não queria ter feito ou não queria ter dado vida. E também tenho uma característica no meu percurso que é: sempre procurei fazer personagens diferentes umas das outras. Sempre procurei nunca escolher o fácil, nunca escolher aquilo que já fiz, já vivi e já conheço – apesar de nós podermos trazer sempre coisas diferentes às personagens ainda que elas possam ter semelhanças. Ainda assim, sempre procurei aceitar trabalhos que queria mesmo muito fazer e que sentia que estava a pisar terrenos novos e iria correr riscos. Neste momento tenho vários projetos no ar, mas nenhum deles tem uma personagem igual à outra, são todas completamente diferentes, e acho que isso é uma coisa que retrata o meu percurso. Nunca fiz uma personagem que não quisesse realmente fazer. Todas foram importantes, todas fizeram parte do meu crescimento, com todas aprendi, errei, com todas fiz coisas bem e com todas evoluí. É muito difícil escolher uma personagem e claro que nós temos sempre presentes aquelas que são mais recentes. Mas, por variadíssimas razões, há projetos que são muito importantes. Os Mistérios de Lisboa foram muito importantes para a minha carreira. Mas a personagem da Vera Lagoa foi talvez um dos maiores desafios da minha carreira por ser um trabalho biográfico e, portanto, uma mulher muito conhecida em Portugal, num passado recente, um passado que existe na memória das pessoas que estão vivas e que viveram com a Vera Lagoa. Torna-se ainda mais difícil fazer um trabalho que faça justiça àquilo que foi o percurso dela e à pessoa que ela foi. E acho que consegui e é um trabalho que me deixa muito orgulhosa e que muito me marcou.
Qual é a mais parecida consigo?
Eu tento sempre que nenhuma delas seja parecida comigo, precisamente para me distanciar. Um dos aspetos mais interessantes da minha profissão é exatamente a oportunidade que as personagens me dão de estudar. Eu adoro. Um dos meus momentos preferidos do projeto é ter de estudar uma época diferente, um assunto diferente e um universo diferente. Isso é o que me alimenta muito. Eu viajo sempre muito através das minhas personagens, é de facto uma viagem, procuro muito o conhecimento e tudo o que me pode fazer chegar mais perto da personagem – muitas vezes, coisas que não estão no guião mas que acredito que me vão ajudar a construir o mundo daquela personagem. Por exemplo, às vezes eu crio a família dela, eu arranjo imagens para criar os antepassados daquela personagem, para lhe criar pilares e histórias – muitas vezes, memórias que eu construo que nada têm que ver com a história que está a ser contada, mas que são as memórias dela e fazem com que ela seja real. Há todo um trabalho de construção imenso, antes de se começar a gravar, que varia de personagem para personagem. Tento não encontrar características minhas nas personagens porque aquilo que tenho de meu, eu vou dar sempre, sou eu que estou a interpretar e a minha experiência de vida vai estar sempre lá. A minha experiência com as emoções e com os sentimentos vai estar lá, mas o mundo dela é dela. Claro que trago o meu mundo e por isso é que digo que os atores têm de ter mundo – viajar, por exemplo. Mas viajar não significa apenas apanhar um avião. É ler um livro, é ver um filme, é sentir, é viver uma paixão, viver intensamente uma emoção. Tudo isto é ganhar mundo para um ator. Tal como entrar num café e ficar a observar é ganhar mundo, e nós damos o nosso mundo ao mundo da personagem. Eu diria que a personagem com quem me identifiquei mais, e gostei muito de interpretá-la também por isso, foi a Letícia da novela Novo Mundo, na Globo. Ela era uma botânica desenhista que parte com a família real em 1807 para o Brasil. Parte para estudar a flora e a fauna brasileiras, atrás de conhecimento e da descoberta de plantas medicinais para cura de várias doenças. Ela vai para a mata brasileira e é uma personagem e uma mulher, naquela época, muito determinada, persistente, aventureira e com uma enorme coragem e com uma paixão pelo seu ofício e pelo seu dever de cumprir essa sua missão na vida. E esse lado determinado e persistente foi um lado com o qual me identifiquei bastante e eram pontos comuns que eu encontrava entre mim e a personagem.
E mais diferente?
Eu diria a Sofia do Mundo Meu. Ela tinha um enorme transtorno psicológico e eu não me consigo identificar com nada do que ela viveu. Mas foi uma personagem muito forte que me permitiu diferentes abordagens dentro da própria personagem, tal era o seu desequilíbrio e a sua perturbação. Permitiu-me trabalhar um lado emocional muito desequilibrado que eu diria que era muito distante de mim. Mas esta personagem que estou a fazer em Amor Amor também é uma personagem que tem um enorme desequilíbrio que se prende com segredos do passado que ela não consegue gerir bem. É uma pessoa emocionalmente turbulenta mas, mesmo assim, escolheria a Sofia do Mundo Meu para responder a essa pergunta.
De quem gosta mais? Da Marlene ou da Vanessa?
Gosto muito da Marlene. Gosto de todo aquele grupo dos Bons Malandros, eles são malandros completamente apaixonantes. Por isso é que a série está a ter tanto sucesso junto do público. Eles são engraçados porque têm a pretensão de ser ladrões, são a quadrilha mais famosa daquela época, numa época que retrata Lisboa saída da Revolução de Abril. Está ali entre o fim da ditadura e a entrada na União Europeia, e eles acham que têm todas as oportunidades do mundo e são os maiores e vão fazer um assalto megalómano à Gulbenkian e vão roubar os Lalique. No fundo, eles tornam-se caricatos devido à inocência com que acreditam que conseguem fazer aquilo e dão origem às cenas hilárias que a série tem. A Marlene é uma personagem que tenta ter alguma seriedade, é talvez a mais perspicaz e sagaz do grupo, que acaba por ter muito respeito por ela. O Renato é o líder do grupo, mas ela acaba por ser a voz da consciência dele. Ela está ali a gerir o grupo no retrato da mulher independente daquela modernidade portuguesa que se vivia na altura. Está entre a mulher independente que é e quer ser e a dependência daquele amor pelo Renato que vai ditar o destino da vida dela. É uma personagem que adoro porque tem tanto de rezingona como de esperta mas, depois, também tem umas tiradas que retratam toda a vida dela e o circo e alguma inexperiência. A Vanessa também tem camadas interessantes para trabalhar porque nada é o que parece. Ela parece ser aquilo, mas as pessoas vão perceber que ela parece ser aquilo fruto da necessidade de sobrevivência, dos erros que cometeu e que, por não ser aquilo, não consegue viver com eles. Portanto, é caso para dizer que nem tudo o que parece é, e quando ela sair daquele lugar de submissão em que vive em relação à irmã, ao marido e à vida que ela vive e que quer acreditar que é a vida que tem de viver, vai haver uma outra Vanessa, mais depressiva, por enquanto, e com grandes perturbações emocionais.
É difícil chegar a casa e sair da personagem que esteve a interpretar durante o dia?
Isso depende muito do tipo de projeto e do tipo de personagem. Na verdade, não é difícil sair da personagem, isso também é uma questão de treino. O que às vezes vem connosco para casa não é a personagem, mas a sua energia. Por exemplo, quando interpretei a Liliane Marise e passava o dia a cantar, a rir e a fazer rir, naturalmente, essa energia ficava comigo e chegava a casa com uma certa disposição, mas se faço uma personagem com uma carga dramática mais intensa, como foi, por exemplo, o caso da Ângela de Lima no filme Os Mistérios de Lisboa, onde passo o dia a aceder a lugares internos mais sombrios, chego de outra forma. É a energia da personagem que fica connosco.
Outra coisa que muitas vezes é difícil de largar, até depois de se terminar um projeto, é a fisicalidade das personagens.
Por exemplo, no caso da Vera Lagoa, em que foi feito um trabalho muito físico, depois do projeto acabar ainda dava por mim a falar como ela e a ter os seus trejeitos.
É mais difícil trabalhar com pessoas de quem se gosta ou de quem não se gosta?
De quem não se gosta, sem dúvida. Eu adoro ter uma boa relação com as pessoas com quem trabalho. Tenho uma boa relação com as pessoas com quem trabalho porque profissionalmente é o que interessa e, a partir do momento em que o pessoal não interfere com o profissional, o resto não interessa. Mas é sempre muito mais divertido trabalharmos com pessoas que admiramos e apreciamos, com pessoas que nos desafiam, estimulam e acrescentam, e acho isso maravilhoso. Isso consegue-se quando o ator é bom, mas também quando existe essa parceria porque é um ‘dar’ diário ao outro. É muito bom quando existe a energia que existiu, por exemplo, n’A Crónica dos Bons Malandros, é muito bom quando trabalhamos com amigos – e eu digo amigos, mas havia ali pessoas que eu não conhecia e se transformaram em amigos. É interessante porque há uma justiça e um altruísmo na forma de trabalhar e, na minha perspetiva, essa é a única forma de representar. Não acredito nas pessoas que representam sozinhas, mas existem. Aliás, há quem eu considere um bom ator mas que acha que representar é sozinho. Eu acho exatamente o oposto: play, brincar com aquela personagem, com o outro ator. É como jogar ténis: o que vou dar depende daquilo que receber. E quanto melhor eu receber, melhor vou dar. Portanto, é muito bom trabalhar com atores que veem isso assim e ainda melhor quando são pessoas com quem nos damos bem e de quem gostamos. O nosso ofício é uma troca muito grande e essa troca é de uma enorme generosidade. Gosto disso.
Interpretar outras pessoas e outras vidas acarreta consigo algum impacto psicológico?
Uma das coisas que mais me fascinam no processo de construção de uma personagem é exatamente toda a pesquisa que é necessária para mergulharmos no seu universo. Isso leva-nos a um contacto e um conhecimento de realidades que, às vezes, podem ser muito marcantes para as nossas vidas. Lembro-me que quando fiz a Sofia de Mundo Meu, que retratava uma depressão pós-parto grave, tive contacto com várias mulheres que sofreram com essa realidade, ouvi os seus testemunhos e acompanhei de perto esse sofrimento, e é impossível que isso não seja impactante. Mas é um trabalho de uma enorme importância abordar certos temas e levá-los até ao público como uma ferramenta de esclarecimento e é por isso que esse trabalho tem de ser feito com todo o conhecimento e seriedade. Várias mulheresa me disseram nessa altur que isso as ajudou muito, até para as incentivar a assumirem que também sofriam dessa depressão e a procurar ajuda.
Costuma assistir aos projetos que faz? Por exemplo, sentar-se no sofá e ir ver o Amor Amor ou a Crónica dos Bons Malandros?
Sempre! Eu assisto a todos os meus projetos. Não digo que assisto a todos os episódios de uma novela inteira porque, muitas vezes, tenho de estar a preparar o dia seguinte. A novela, ao contrário dos filmes e das séries, é uma obra aberta e, por isso, nós temos de estar constantemente a aperfeiçoar aquilo que fazemos e a assistir ao que a personagem está a passar. Nós também somos surpreendidos pelo que o autor escreve e, por isso, temos de estar em constante estudo para acompanhar o que a personagem está a viver. Se a personagem se depara com uma realidade nova, tenho de ir pesquisar sobre esta realidade, além das 30 cenas que tenho de estudar para o dia seguinte. Por isso é que a novela, quando é um trabalho bem feito, é tão exigente, e que eu não consigo assistir a todos os episódios. No entanto, pelo menos no início da novela faço questão de ver o meu trabalho para perceber o que estou a fazer e saber onde posso melhorar. Tenho uma capacidade de autocrítica que é muito boa para o meu trabalho. Primeiro, não vou ver o trabalho com o objetivo de criticar. Depois, não me incomoda ver-me na televisão, como sei que a muitos colegas incomoda. Vejo-me com distanciamento. Tanto consigo dizer «isto não está bem feito» sem me martirizar e aproveitar para aprender daí como também consigo dizer «aqui fiz bem por isto e por aquilo». Portanto, acho que esse distanciamento é uma coisa que me tem ajudado também a evoluir nos meus projetos e por isso é tão importante para mim assistir aos meus projetos.
É mais crítica consigo própria do que os seus colegas são consigo?
Depende das pessoas. Por exemplo, lembrei-me agora de um grande amigo ator com quem partilho bastante os meus trabalhos e falamos muito por telefone regularmente. Eu sei que ele é uma pessoa a quem eu ligo a dizer «não gostei muito disto por isto e aquilo» e sei que ele me dirá ou que concorda ou não concorda de maneira honesta. Porquê? Porque também ele tem um conhecimento de causa e consegue analisar e ver os pontos nos quais eu acho que poderia estar melhor, porque percebe toda a mecânica da situação. Há outras pessoas que não veem da mesma forma que eu e, portanto, quando me dizem que está ótimo é verdadeiro, porque têm uma análise diferente da minha. Eu diria que a minha análise é mais minuciosa e por isso gosto tanto da partilha com este meu colega, porque crescemos imenso juntos. E fico muito contente quando as pessoas dizem que gostam, mas também fico muito contente quando fazem uma crítica construtiva e dizem que não gostam, porque é isso que me vai ajudar a evoluir.
Em 2015 disse que estava a tentar deixar de comer carne. Isso aconteceu?
Não como carne há mais ou menos quatro anos, sim. E não acredito que vá voltar a comer. Eu não digo desta água não beberei, mas quase que digo desta carne não comerei. Mas não sou fundamentalista, por isso não sei o dia de amanhã. Não sou nem fundamentalista nem faço futurologia, mas sei aquilo que me faz sentir bem. Não como carne há vários anos e é isso que me faz sentir bem, por uma questão de ideologia e de me sentir bem em não comer animais, apesar de ainda comer peixe. Ainda tenho a necessidade de comer peixe, por questões nutricionais. Não sinto falta nenhuma de comer carne e inclusive sinto-me extremamente melhor desde que deixei de comer carne. A minha reeducação alimentar tem sido uma descoberta, e não critico quem come carne, é uma escolha minha e eu vivo muito bem e feliz com ela, e gostaria que mais pessoas vivessem felizes com esta opção. Eu própria me tenho surpreendido com estas modificações que tenho feito na minha alimentação e que me têm feito muito bem, e que eu pretendo continuar a fazer. Até havia alimentos de que eu não gostava porque criei esse preconceito em relação ao alimento, e agora gosto. É muito interessante desbloquearmos preconceitos na nossa cabeça porque nós criamos uma ideia de que não gostamos de algo e, afinal, gostamos. Tem tudo a ver com uma reeducação, neste caso alimentar. E à conta disto descobri uma cozinheira em mim que não sabia que existia.
Acha que hoje em dia há uma pressão muito grande para ter determinados comportamentos e as pessoas acabam por tê-lospor influência dos outros e não por si?
Nós somos, naturalmente, e ainda bem, influenciados pelo mundo que nos rodeia – de preferência pela parte boa do mundo que nos rodeia. É importante termos esse treino mental para escolher os caminhos que nos fazem bem e os caminhos que consideramos que são certos, que merecem a nossa atenção e a nossa disponibilidade. Claro que fui influenciada com toda a informação que fui tendo. Portanto, fui claramente influenciada por toda uma nova abordagem que existe no mundo relativamente a este tema, que cada vez mais tem uma voz maior e ainda bem que assim é. Ainda bem que me influenciou a mim e com certeza influenciou muitas outras pessoas que também sentem essa vontade de que essa seja uma das formas de contribuir para o bem daquilo em que acreditamos. Todos nós conhecemos a realidade pela qual os animais passam e o que sofrem para que nos alimentemos deles, e isso é uma coisa com que não quero compactuar de forma alguma.
O que mais mudou a pandemia na sua vida?
O facto de ter descoberto em mim uma cozinheira foi uma mudança muito boa. A pandemia mudou muitas coisas na minha vida de uma forma positiva. E isto é um bocadinho estranho de dizer porque estou, obviamente, muito triste com o que estamos a viver. Tenho muita pena de estarmos a passar por isto e não vejo maneira de terminar. Cada vez custa e dói mais as vidas que se perdem, o sofrimento por que muita gente passa e o que isto está a causar no mundo e nas pessoas. Mas não posso deixar de admitir que tudo isto me fez pensar em muitas coisas e procurar caminhos que até já queria ter procurado antes. Nós somos muito engolidos pela vida e acho que o que a pandemia me trouxe de melhor foi saber dizer «eu não vou ser mais engolida pela vida e vou fazer as coisas com outro tempo». Agora, talvez faça menos coisas ou talvez me consiga organizar mais, mas tenho claramente a vontade e tenho colocado em prática que, apesar de continuar a priorizar as coisas que priorizava, que são a minha vida e a minha paixão, o que não posso nunca esquecer é que também tenho de ter tempo para mim, e a verdade é que às vezes me esquecia disso. Tudo o que fazia fazia a correr. Hoje em dia tenho outro ritmo na vida, faço as minhas coisas noutro ritmo, talvez faça menos coisas, mas faço ao meu ritmo. Acordo muito mais cedo para ter esse tempo na minha vida. O meu objetivo é que o meu dia comece comigo e não comece à pressa com as obrigações que tenho. Quero começar o meu dia comigo e, por isso, agora começo a respirar, a meditar, a fazer o meu exercício físico e a tomar o meu pequeno-almoço com tempo. E isto parece uma pequena mudança, mas é uma mudança gigante porque muda todo o ritmo do meu dia. Não muda o ritmo físico a que as coisas estão a acontecer, mas muda o meu ritmo interno. Os meus trabalhos foram todos cancelados e adiados mas, mesmo assim, tive o privilégio de fazer um filme, uma série e uma novela. Mas sofro com aquilo que se vive no nosso país. Não posso deixar de mencionar também o estado da cultura, que está a passar por uma fase extremamente difícil, porque apesar de ter tido a oportunidade de trabalhar, vivo de perto a realidade de muitas pessoas da minha área que vivem numa situação extremamente delicada. Mas quando se vive um momento de enorme crise também surgem muitas oportunidades de nos reerguermos e onde a criação se torna muito intensa. Portanto, tenho esperança que a cultura consiga sair deste momento com um gás enorme de criação de todos os maravilhosos artistas que temos no nosso país e que, neste momento, não têm esse palco para criar. E isso preocupa-me e angustia-me, e só posso esperar que isto passe o mais rápido possível e que possamos todos voltar à nossa vida normal. Depois, a situação pandémica trouxe também um lado de união que foi um lado muito interessante de ver e sentir neste momento.
Qual o próximo objetivo que está em vista a nível profissional?
Tenho vários projetos que estão neste momento em standby por causa da pandemia. Tenho dois projetos que são bastante aliciantes e pelos quais estou muito expetante, prendem-se com dois objetivos que eu já tenho há algum tempo. É a oportunidade para experimentar outras abordagens diferentes no meu trabalho.
E a nível pessoal?
Pretendo o que toda a gente pretende neste novo ano, que é abraçar. Sinto muita falta de abraçar e de beijar os meus amigos e a minha família. E neste momento não consigo projetar nada que queira tanto como abraçar a minha mãe, as minhas irmãs e os meus amigos.