O Ministério da Saúde anunciou esta tarde que o Coordenador da Task Force para a Elaboração do “Plano de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal”, Francisco Ventura Ramos, renunciou ontem ao cargo, "por irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva."
O funcionamento da Task Force mantém-se assegurado pelos restantes membros do núcleo de coordenação, nomeados pelo Despacho n.º 11737/2020, diz o ministério
Também Francisco Ramos, numa nota à imprensa, confirmou o pedido de demissão apresentado esta terça-feira.
"Ao tomar conhecimento de irregularidades no processo de seleção para vacinação de profissionais de saúde do Hospital da Cruz Vermelha, do qual sou Presidente da Comissão Executiva, considero que não se reúnem as condições para me manter no cargo de coordenador da task force para a elaboração do Plano de Vacinação Contra a COVID-19 em Portugal. Assim, apresentei ontem, dia 2 de fevereiro de 2021, à Senhora Ministra da Saúde, a renúncia ao cargo."
Francisco Ramos, antigo secretário de Estado da Saúde e ex-presidente do IPO de Lisboa, tomou posse como presidente do Hospital da Cruz Vermelha em dezembro do ano passado, pouco depois de ter sido nomeado pelo Governo para a coordenação do plano nacional de vacinação da covid-19.
A vacinação arrancou no país no dia 27 de dezembro e as últimas semanas têm ficado marcadas por uma sucessão de casos de vacinas administradas a pessoas que não integram grupos prioritários. São já pelo menos nove os inquéritos abertos pelo Ministério Público.
As críticas a Francisco Ramos aumentaram no último fim de semana, depois de numa entrevista à SIC ter dito que mesmo quem recebeu a primeira dose da vacina indevidamente fará a segunda dose e que não compete à task-force perseguir quem faz batota, fazendo uma alusão ao eleitorado de André Ventura nas Presidenciais."Não cabe a esta estrutura infligir castigos nessa matéria – essa pergunta explica um pouco aqueles 11% ou 12% nas eleições presidenciais do passado domingo, um espírito vingativo que não me parece que seja muito bom para uma sociedade solidária como a nossa”, disse. “Acho que os outros espero que tenham um sentimento de solidariedade prevalente sobre um sentimento de justiça popular que faz muito pouco sentido”. Na sequência destas declarações, a Juventude Popular tinha pedido o afastamento do coordenador.