Fechado o mercado de transferências, uma realidade ficou clara: inveteram-se os papéis e os grandes gastadores do mercado anterior são agora dos mais austeros. Já os leões não pouparam nos reforços, com o título na mira.
O Sporting CP, líder atual da tabela classificativa, dominou no mercado, conseguindo pescar Paulinho no SC Braga por um total de 16 milhões de euros, naquela que foi a transferência mais cara de sempre em Alvalade. Seguiu-se ainda o reforço de Matheus Reis, que transita do Rio Ave para Alvalade, e o regresso do veterano João Pereira – contratações de peso para o clube que lidera o campeonato e que no início da época teve uma posição mais austera no mercado.
O SL Benfica, por sua vez, gastou quase 100 milhões de euros em outubro, mais do dobro de Sporting CP e FC Porto juntos. Agora está a nove pontos da liderança e foi bem mais parcimonioso nesta janela, acabando por conseguir contratar Lucas Veríssimo, mas vendo sair Francisco Ferro e Gedson Fernandes, bem como Jean-Clair Todibo, que custou às águias 2 milhões e não fez um único jogo na Primeira Liga.
Já os dragões foram os mais parcos neste mercado, sem entradas nem saídas no plantel principal.
O rugido do leão O ex-SC Braga Paulinho, por quem os leões desembolsaram 16 milhões de euros, é a mais marcante contratação deste mercado. Neste negócio, o Sporting passa a possuir também 70% dos direitos económicos do jogador, com uma cláusula que é importante relembrar: se for feita uma oferta aos verdes-e-brancos num valor superior a 25 milhões de euros, caso o clube não queira aceitar, terá de pagar mais 7,5 milhões de euros ao Sp. Braga para comprar os restantes 30%.
A Alvalade vai regressar o veterano João Pereira, de 36 anos, que ruma do Trabzonspor para a sua terceira temporada com as cores do Sporting, depois de ter passado pelo clube entre 2010 e 2012 e entre 2015 e 2016. Na lista de reforços para Rúben Amorim está ainda o lateral esquerdo Matheus Reis, que defendeu o emblema do Rio Ave e vai para Alvalade em empréstimo. Matheus Reis está em Portugal desde a temporada 2017/18, quando chegou por empréstimo do São Paulo ao Moreirense. O brasileiro passou depois para o Rio Ave e ruma agora ao Sporting CP.
De saída dos leões, Sporar e Borja são os nomes que constam nas negociações com o Sporting de Braga. Andraz Sporar foi emprestado aos minhotos até ao final da época, ficando ainda o SC Braga com opção de compra por 7,5 milhões de euros. Já Cristián Borja foi trespassado para os minhotos num negócio a valer 3 milhões de euros. Desta forma, os atuais líderes do campeonato são os principais apostadores neste mercado, procurando assegurar o título que lhes foge há 20 anos.
Veríssimo no benfica O SL Benfica não está na melhor posição no campeonato português e o mau momento mostrou-se na presença no mercado. Após ter gasto quase 100 milhões na janela de transferências anterior, a única contratação feita pelas águias foi a de Lucas Veríssimo, que tem mesmo já número dedicado no Benfica: a camisola número 4, utilizada no passado pelo ex-jogador Luisão. Veríssimo estava já na mira do Benfica no verão do ano passado, mas só agora os encarnados conseguiram fixar o brasileiro.
De saída, por empréstimo, estão Francisco Ferro e Jean-Clair Todibo. Ferro está já em Valência, onde irá juntar-se aos internacionais portugueses Gonçalo Guedes e Thierry Correia até ao final da temporada, num contrato que não inclui, no entanto, cláusula de opção de compra. Já Todibo, que não fez nenhum jogo pelas águias na Primeira Liga e lhes custou dois milhões de euros, abandona o Benfica e vai para o Nice, como anunciou o clube francês nas últimas horas do mercado.
No Dragão ninguém entra e ninguém saí O FC Porto pareceu levar à letra as regras de distanciamento e de limitação de idas ao mercado nesta época de transferências. De saída, o japonês Shoya Nakajima, que teve pouco tempo de jogo, ruma ao Al Ain FC, nos Emirados Árabes Unidos, por empréstimo, após dois anos ao serviço nos azuis-e-brancos.
Principais mudanças mundiais O mercado fechou em toda a Europa e são várias as caras novas nos diferentes plantéis das principais ligas. Um caso a ter em conta é o dos ingleses do Watford, clube que recentemente apostou em Mitchel Bergkamp, filho de Dennis Bergkamp, lendário jogador holandês, para a sua equipa sub-23. Não é a primeira vez que o Watford se guia pela genética, tendo os ingleses ido buscar Maurizio Pochettino, filho do atual treinador do Paris Saint-Germain, que irá alinhar junto a Bergkamp nos hornets. Aliás, o clube conta já no seu plantel com familiares de lendas do futebol como Max Statham, filho de Brian Statham, jogador do Tottenham nos anos 80 e 90, e Henry Wise, filho de Dennis Wise, grande figura do Chelsea no final dos anos 90. Uma das negociações internacionais a ter também em conta é a mudança de Moussa Dembélé do Olympique de Lyon para o Atlético de Madrid, sob empréstimo.
Nem sempre sobra uma cadeira Apesar de serem jogadores profissionais de renome, nem sempre há espaço nos clubes para todos os interessados durante a época de transferências. Após o fecho do mercado de inverno, os dois nomes mais proeminentes que ficaram sem clube foram Diego Costa e Enzo Zidane. Costa deixou o Atlético de Madrid em 2020 e não encontrou um lugar na nova janela de transferências apesar da oferta do futebol turco, que não seduziu o naturalizado espanhol. Costa tentou também a sua sorte com o Marselha, mas o clube não aceitou as exigências financeiras do internacional. Já Enzo Zidane, filho de Zinédine Zidane, que chegou a passar pelo Desportivo das Aves, ficou também sem clube no fim deste mercado de transferências.
Movidas técnicas Não só de jogadores se fazem os clubes. A mais recente polémica centra-se em André Villas-Boas que depois, de uma passagem atribulada pelo Marselha, com direito até a uma invasão do centro de treinos da equipa francesa, semelhante aos acontecimentos em Alcochete, em maio de 2018, se demitiu do clube. Villas-Boas disse “não querer dinheiro”, mostrando-se insatisfeito com as políticas de transferências do clube, e aproveitou a contratação de Olivier Ntcham ao Celtic, que o técnico diz não estava nos seus planos, para apresentar a sua demissão.
Em resposta, o Marselha avançou com o despedimento do ex-FC Porto e com a instauração de um processo disciplinar ao técnico, acusando-o de ter “atitudes recentes que estão a danificar de forma séria a instituição que é o Marselha”.