Arranca esta quarta-feira mais uma etapa na campanha nacional de vacinação contra a covid-19, com as primeiras convocatórias de doentes prioritários e idosos com mais de 80 anos para receberem as vacinas – um arranque que esta semana será ainda simbólico e apenas na região de Lisboa e na região Norte, com todo o sistema a afinar-se. Segundo dados fornecidos ao i pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), até ao final da semana deverão ser administradas as primeiras 1200 doses da vacina em centros de saúde de Lisboa e no Norte do país, com as restantes regiões a iniciarem a vacinação da população na próxima semana.
As listagens de utentes a vacinar são feitas pela Administração Central do Sistema de Saúde a partir da codificação de doenças nos registos dos utentes do SNS, e as mensagens que convocam os doentes são enviadas pelos SPMS. Segundo o i apurou, as listagens de utentes para vacinação são enviadas para os agrupamentos de centros de saúde antes do envio das mensagens à população mas, ao longo dos últimos dias, faltava ainda informação no terreno sobre o calendário de vacinação concreto em cada unidade e também os médicos de família não estavam ainda a analisar as listas de utentes chamados. “Seria importante haver essa validação do lado dos médicos. Precisamos de humanizar a vacinação e saber o que transmitir aos utentes”, defendeu ao i Rui Nogueira, ex-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Os pedidos e perguntas vão sendo muitos e as respostas acabam por ser as possíveis, em função da informação disponível. Foi o relato recebido esta semana pelo i de um utente com mais de 80 anos seguido num centro de saúde da zona de Lisboa, a quem foi dito que não dispunham de qualquer informação sobre quando seria chamado para a vacina. No caso de doentes seguidos fora do SNS há um passo adicional: devem inscrever-se online numa página disponibilizada pelo Ministério da Saúde.
Segundo o i apurou, uma outra dificuldade em todo o processo prende-se, no entanto, com os doentes seguidos nos hospitais do SNS, já que os registos clínicos são em plataformas distintas e nem sempre usam a codificação utilizada pelos serviços do Ministério da Saúde para “varrer” os ficheiros dos doentes e identificar aqueles que têm patologia cardíaca, respiratória e renal com os parâmetros previstos para esta primeira fase de vacinação, questões que estão a ser resolvidas do ponto de vista técnico.
Ainda com estas contingências, esta quarta-feira é o dia do pontapé de saída da vacinação nos centros de saúde e daquela que era a última etapa que faltava iniciar na primeira fase do plano de vacinação, depois do início da vacinação dos profissionais de saúde e do primeiro mês do ano focado sobretudo nos lares, onde já foram administradas as primeiras doses em todas as instituições que não tinham surtos ativos. Além dos profissionais de saúde que ainda falta vacinar e das segundas doses, até ao final de abril deverão ser vacinados pelo menos 400 mil doentes prioritários e todos os idosos com mais de 80 anos que pretendam fazer a vacina, tenham ou não as doenças prioritárias. As estimativas da task force nacional é de que serão, ao todo, 900 mil pessoas.
Esta quarta-feira, a vacinação terá lugar em duas unidades de saúde familiares (USF) em Lisboa e Vale do Tejo: USF Alvalade e USF Parque, adiantou ao i fonte oficial dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, o organismo do Ministério da Saúde que está a coordenar as convocatórias. “Até sexta-feira, nestas duas unidades deverão ser administradas cerca de 300 vacinas”. Na quinta-feira, o processo de vacinação arranca na região Norte, em sete locais de vacinação (Braga, Marão e Douro Norte, Porto Oriental, Póvoa do Varzim/Vila do Conde, Gaia, Gondomar e ULS Nordeste), onde deverão ser administradas até ao final da semana quase 900 vacinas.
Na próxima semana, o processo de administração de vacinas deverá arrancar nas restantes Administrações Regionais de Saúde: Centro, Alentejo e Algarve. Para o arranque foram enviadas cerca de 850 SMS e confirmados cerca de 370 agendamentos, indicou a mesma fonte, recordando os procedimentos:_o processo de convocatória e agendamento é feito, prioritariamente, através de SMS. Caso este SMS não obtenha resposta ou tenha uma resposta negativa, há uma nova tentativa de contacto via SMS e, caso se verifique uma nova não resposta ou resposta negativa, são usadas outras formas de contacto, nomeadamente o telefónico.