O conselho nacional do CDS reúne-se este sábado com a certeza de que o resultado final do encontro pode não resolver o problema, a médio prazo, do partido. Há uma moção de confiança à comissão política nacional a votos (o ponto único da agenda), um debate sobre votação secreta da moção (exigência de Adolfo Mesquita Nunes, challenger do líder centrista) e senadores do CDS, como Lobo Xavier, a reforçarem a ideia de que é preciso um congresso extraordinário para uma clarificação.
“Estaria mais confortável que Francisco Rodrigues dos Santos estivesse disponível para um debate mais alargado embora os congressos digitais sejam muito complexos na pandemia”, declarou o antigo dirigente do CDS, Lobo Xavier, e conselheiro de Estado no programa Circulatura do Quadrado, na TVI 24. Ao i, Lobo Xavier também já tinha apontado a necessidade de uma reunião-magna de reflexão. “O líder do CDS tem razão quando diz que não se pode fazer um Congresso sempre que vem um pedido da rua… Mas há certamente muita gente de boa fé que gostaria de refletir e discutir…”, afirmou ao i Lobo Xavier no passado dia 27 de janeiro.
Ora, é neste ponto de equilíbrio que o antigo dirigente se coloca, alertando para os riscos de “definhamento lento” do CDS: “Gosto do presidente do CDS como pessoa, mas, quando olho para o que foram estes tempos, tenho de compreender a insatisfação dos militantes. A ideia que ele tinha era afirmar a direita democrática e hoje está confrontado com a ideia generalizada de que o CDS pode desaparecer”, declarou no referido programa, já com um conselho nacional marcado.
“Os militantes do CDS podem querer discutir realmente num fórum mais alargado que soluções há para este definhamento lento”, concluiu Lobo Xavier, reconhecendo que o problema do partido é pior face à crise da década de 80 e 90, quando os centristas chegaram a ser apelidados de “partido do táxi”.
Quem apoia Adolfo Mesquita Nunes é o deputado João Gonçalves Pereira. Na rede social Facebook, pressionou mais uma vez para se que faça um congresso. “Qual é o medo?”, perguntou o parlamentar, aludindo ao facto de Rodrigues dos Santos ter demissões “atrás de demissões, de desfiliações atrás de desfiliações, fruto de uma liderança incapaz de apresentar aos portugueses uma solução política”. Mais, o “País não perceberá se não for organizado um Congresso do CDS”, concluiu. O conselho nacional do CDS ocorre numa altura em que o partido sobrevive com dificuldades financeiras. Ainda não conseguiu um empréstimo bancário e na sede do partido só restam três funcionários, apurou o i.