Os membros do conselho da cidade Palm Beach vão ouvir a opinião de um jurista sobre a possibilidade da autarquia poder impedir Donald Trump de morar em Mar-a-Lago, o clube do ex-Presidente, seguindo uma condição colocada pelo próprio, há 30 anos, que o proibia de morar no seu clube, mesmo se ele quisesse transformar a residência num resort, tal como aconteceu.
Porém, esta cláusula não ficou escrita no acordo, dado que agora a polémica incide-se sobre se Trump poderá usar o clube de campo como a sua residência, após deixar de habitar a Casa Branca, no dia 20 de janeiro.
O acordo escrito proíbe apenas os membros do clube de residir. E o ex-presidente é considerado um dos funcionários da empresa que gere o clube de Mar-a-Lago.
Entretanto, a Trump Organization, a entidade empresarial da família, emitiu um comunicado que indica que "não há nenhum documento ou acordo em vigor que proíba Donald Trump de usar Mar-a-Lago como sua residência, já que também possui duas outras casas perto do seu clube”.
Segundo os regulamentos de Palm Beach, um clube pode conceder uma moradia local para os seus funcionários.
Em dezembro de 2020, a autarquia de cidade da Florida recebeu uma carta de um advogado em representação de um vizinho do clube de Trump, exigindo que o republicano não vivesse lá, ao alegar que a presença do ex-Presidente na localidade poderá influenciar negativamente os valores das propriedades na zona.
É de mencionar que o empresário Donald Trump adquiriu a Mar-a-Lago por cerca de oito milhões de euros, em 1985, quando esta pertencia a Marjorie Merriweather Post, dona da empresa General Foods.
Após a morte de Merriweather Post, em 1973, a mansão de 126 quartos começou a deteriorar-se e foi deixada para o Governo dos EUA como uma potencial casa de férias presidencial, tendo sido devolvida pelas autoridades em 1981.
Para restaurar esta mansão, Trump dispensou vários milhões de dólares para recuperar a propriedade. No inicio da década de 90, o empresário republicano estava com dificuldades financeiras e por isso propôs dividir o terreno e construir mansões com o apoio da autarquia de Fort Lauderdale, o que fora rejeitado.
Foi apenas em 1993 que Trump e a autarquia assinaram um acordo que autorizava transformar a propriedade num clube privado, limitado a 500 membros, com uma taxa de inscrição que, de momento, é de cerca de 160 mil euros e com uma anuidade de um pouco mais de 10 mil euros por inscrição.
O acordo também explicava que os membros podiam ficar apenas num quarto por um máximo de sete dias seguidos e 21 dias por ano. Contudo, nada ficou registado em relação aos funcionários morarem no clube.
Mesmo assim, segundo os artigos de 1993 do jornal local Palm Beach Post, o advogado de Trump, Paul Rampell, afirmou que o ex-Presidente seria tratado como qualquer membro, tendo acesso aos quartos, caso o conselho municipal aprovasse o acordo.
Este não é a primeira vez que o empresário se confronta com a autarquia e os residentes da cidade norte-americana. Trump já esteve envolvido em problemas devido ao barulho, ao tráfego e a uma gigante bandeira dos Estados Unidos hasteada num mastro de 24 metros, que o republicano decidiu erguer sem autorização oficial em 2006.