A secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, representou Portugal no debate sobre a estratégia da União Europeia (UE) sobre a vacinação contra a covid-19 no hemiciclo de Bruxelas e sublinhou a ajuda por parte de vários países da UE para o combate à difícil fase que o país atravessa.
"E, neste momento, o meu país sabe melhor do que a maioria que a solidariedade europeia é mais do que meras palavras, é ação. E Portugal está muito grato pelas numerosas ofertas de assistência e apoio concreto de vários Estados-membros", agradeceu a secretária de Estado.
Porém, Ana Paula Zacarias também observou que "a propagação do vírus continua preocupante na maioria dos Estados-membros, incluindo o meu” e ainda reconheceu que a vacinação na Europa "não progrediu tão rapidamente" quanto era desejável, mas reforçou que estes desafios não conseguem apagar aquilo que já se alcançou até agora.
“A estratégia da UE na vacinação foi um exemplo de unidade e solidariedade em ação", assegurou Ana Paula Zacarias, que ainda assinalou que o marco dos “benefícios tangíveis", neste caso, ao ajudar a garantir uma "distribuição equitativa das vacinas entre os Estados-membros, de modo a que todos os cidadãos europeus possam ter acesso às mesmas".
Admitindo que já era calculável que, "durante as primeiras fases da campanha [de vacinação], a disponibilidade de vacinas seria limitada", a secretária de Estado dos Assuntos Europeus explicou, contudo, que "as notícias recentes de atrasos" no fornecimento por algumas farmacêuticas "são fonte de preocupação" e obrigam "uma resposta da UE em tempo real".
"A produção de vacinas é uma operação complexa, sobretudo a esta escala sem precedentes. A verdade é que provavelmente as empresas sobrestimaram a sua capacidade de produção, e agora temos de garantir que as empresas respeitam os contratos assinados. Os países precisam de saber quantas vacinas têm disponíveis e quando, para planificarem as suas campanhas" de vacinação, acentuou.
Por último, a secretária do Estado português avisou que para os desafios que a Europa ainda enfrenta na pandemia de covid-19, uma das soluções é continuar a união e a solidariedade entre os Estados-membros.
"Todos sabemos que este vai ser um longo processo. Mais longo e mais complexo do que alguma vez esperámos, seja a nível da saúde pública ou das repercussões socioeconómicas da pandemia. A vacinação é uma ferramenta poderosa, mas vai levar tempo até que a maioria da população europeia esteja vacinada. […] Temos de nos manter juntos e unidos, essa é a única forma de ultrapassarmos" a pandemia, concluiu.
O debate desta quarta-feira realiza-se na sequência da sessão plenária da assembleia europeia, em Bruxelas, e acontece num momento em que a tensão entre Bruxelas e as farmacêuticas, que estão a incumprir as datas acordadas com a Comissão Europeia para os primeiros meses de 2021 por não albergarem uma capacidade de produção suficiente para os 27 Estados-membros, o que resultou em vários atrasos na distribuição, incluindo em Portugal.
Após os atrasos no início do ano na entrega da vacina da Pfizer/BioNTech, a primeira vacina a ser administrada na UE desde dezembro de 2020, a farmacêutica AstraZeneca anunciou no final de janeiro que pretendia entregar menos doses do que as estabelecidas com Bruxelas, que recebeu a autorização do regulador europeu também nesse momento.
AstraZeneca justificou esta decisão com os seus problemas de capacidade na produção, o que causou indignação por parte do executivo comunitário.
Assim, a Comissão Europeia decidiu, no final de janeiro também, estabelecer um mecanismo de autorização