AstraZeneca nega alegada venda de vacinas fora do acordo assinado com União Europeia

O primeiro-ministro da República Checa acusou a farmacêutica de tentar vender vacinas ao país e a outros três países europeus, fora do contrato estipulado com a UE. “Não há verdade nessa acusação”, afirma a AstraZeneca.

A farmacêutica AstraZeneca contestou as acusações que o primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babiš, disse esta sexta-feira sobre a alegada venda de vacinas à República Checa e a outros três Estados-membros da União Europeia (UE) fora do acordo estipulado com a Comissão Europeia.

No artigo divulgado pelo portal de noticias EURACTIV, Babiš admitiu que "enquanto a AstraZeneca se recusou a entregar 80 milhões de doses à UE", a República Checa e os três Estados-membros da UE "receberam ofertas recorrentes desta vacina" através de um "intermediário no Dubai".

"Acreditem em mim, teríamos definitivamente usado esta oportunidade se tivesse sido realista. Mas não temos esse dinheiro. E, claro, temos acordos europeus e temos de respeitá-los", reforçou o primeiro-ministro checo.

A AstraZeneca respondeu ao mesmo órgão de comunicação e explicou que "não há verdade nessa acusação". "O nosso foco atual é cumprir os nossos compromissos globais substanciais com governos e organizações internacionais de saúde, o mais rápido possível para ajudar a acabar com a pandemia; como tal, atualmente não há fornecimento, venda ou distribuição da vacina pelo setor privado".

As afirmações de Andrej Babiš chegaram à Comissão Europeia. Durante a conferência de imprensa diária, Bruxelas avisou para o risco da compra de “vacinas fraudulentas” pelos países europeus.

"Toda a gente deveria ser extremamente cautelosa quando falamos de vacinas, porque se trata de injetar uma substância ativa dentro do corpo humano. Por isso, é preciso ter 100% de certeza de que os canais que se usam para comprar vacinas são completamente transparentes e legítimos", salientou o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer,

Questionado pelas declarações do primeiro-ministro checo, Mamer adiantou que a compra conjunta das vacinas para os países da UE serve para assegurar a transparência das vacinas e explicou que “o que quer que seja fora deste canal", precisa de ser "analisado com muita precaução".

"Sabemos, devido à primeira fase da pandemia, (…) que muitos produtos fraudulentos apareceram no mercado, nomeadamente máscaras e equipamento de proteção, por isso isto é obviamente algo a que estamos muito atentos", destacou, adiantando ainda que o Organismo Europeu de Luta Antifraude está a "analisar qualquer ameaça possível no que se refere a vacinas fraudulentas".

Já o porta-voz do executivo para a área da saúde, Stefan de Keersmaecker, rejeitou comentar a alegada oferta da AstraZeneca e ainda lembrou que a "estratégia de compra conjunta de vacinas baseia-se no trabalho conjunto entre Estados-membros e a Comissão".

"Por isso, negociações paralelas entre Estados-membros e empresas que se encontram no nosso portfólio [de vacinas] não são, evidentemente, permitidas no âmbito desta estratégia", rematou.