Ainda faltam mais de sete meses para as eleições autárquicas (com pedidos e apelos para o seu adiamento), mas os partidos já começam a avaliar (e a testar) nomes no terreno para tomarem decisões. Os dois maiores partidos, PS e PSD, só anunciarão nomes concretos a partir de março, tendo cada um deles metas diferentes a alcançar.
Os socialistas, por exemplo, querem manter a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Associação Nacional de Freguesias, depois de terem ganho em 158 autarquias em 2017 – isto é, manter o primeiro lugar do pódio em número de câmaras. E se, em Lisboa, o assunto parece resolvido com uma recandidatura de Fernando Medina, no Porto, o cenário complica-se.
Não há decisões sobre nomes e o caso da cidade do Porto será mesmo o último a ser resolvido. Tudo depende do que fizer o autarca em funções, Rui Moreira. Se for recandidato, a ordem é preparar terreno para 2025. Caso contrário, a seleção de nomes para recuperar a autarquia há muito perdida ganha outro peso. O nome de Rosário Gambôa chegou a ser pensado nas estruturas, mas não houve qualquer evolução. De acordo com informações recolhidas pelo i, a Federação Distrital do PS/Porto já reuniu o seu secretariado para avaliar as eleições autárquicas. E ficou claro que os presidentes de autarquias em exercício e sem limitações de mandato serão recandidatos. Em concelhos onde o PS não é poder, também já estão definidos alguns nomes. Por exemplo, na Trofa (PSD), o candidato será Amadeu Dias (líder concelhio); na Póvoa de Varzim (PSD), a escolha deve recair em João Trocado (a câmara está nas mãos do PSD e do CDS); e, na Maia (PSD/CDS), a opção deverá passar por Francisco Vieira de Carvalho.
Do lado do PSD, após a recusa de Paulo Rangel, Rui Rio já remeteu para março uma decisão sobre o candidato do partido no Porto, sendo certo que terá candidato próprio (e não apoiará Rui Moreira). O mesmo calendário se aplica a Lisboa, onde já se apontaram várias hipóteses, entre elas (a mais desejada) a de Carlos Moedas, ex-comissário europeu – que não estará disponível para a contenda eleitoral.
A sul também já há movimentações. Em Setúbal, a atual autarca, eleita pela CDU, Maria das Dores Meira, está de saída. A autarca atinge o limite de três mandatos consecutivos e ganha força a ideia de que pode concorrer em Almada, concelho do mesmo distrito, onde a CDU perdeu para o PS após várias décadas no poder, em 2017.
Do lado do PSD, um dos nomes que estão a ser avaliados para a Câmara de Setúbal é o do vice-presidente do Parlamento, Fernando Negrão. Não há qualquer decisão tomada, e contactado pelo i sobre se confirma que será candidato autárquico naquele concelho, o também deputado respondeu: “Como certamente compreenderá, terei de dar essa resposta a quem me formular esse convite”. Nada mais.
Os sociais-democratas, que em 2017 ficaram com 98 câmaras, apostam ainda em algumas capitais de distrito, a saber, Viana do Castelo, Leiria, Portalegre e Castelo Branco. Nestes concelhos estão a ser ponderadas várias hipóteses, designadamente nomes de independentes, mas não há nada fechado sobre candidaturas.
Entre sociais-democratas, o nome de Santana Lopes, ex-militante do Aliança (e seu fundador) já foi apontado para vários concelhos numa candidatura autárquica, mas o próprio começou por defender o adiamento das eleições – ideia, aliás, corroborada pelo líder do PSD, Rui Rio. Até ver, não há consenso entre os partidos, e o PS já disse não. De realçar que quem marca as eleições autárquicas é o Governo – neste caso, António Costa, que também é líder do PS.
O Bloco de Esquerda já remeteu a sua ponderação final para os últimos dias de fevereiro, enquanto o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu ontem, a partir de Ponte de Lima, que é preciso aguardar “pela evolução da situação da pandemia e do plano de vacinação”. E apontou o “início do verão” para se tomar uma decisão. Na próxima semana, Rodrigues dos Santos e Rui Rio deverão assinar o acordo autárquico de coligações entre os dois partidos.