O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que concorda que o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, seja considerado um genocida e criticou a política do Governo brasileiro de flexibilizar o acesso às armas.
Numa entrevista transmitida ao vivo pelo portal de notícias UOL, Lula da Silva foi questionado se era correto chamar Bolsonaro de genocida pelo seu comportamento de negar a gravidade da pandemia de covid-19, que deixou o país com mais de 242 mil mortos e quase 10 milhões de infetados, segundo o Ministério da Saúde.
"Eu acho, aliás tenho chamado várias vezes. Um Presidente da República que não se importa com a morte de [quase] 250 mil pessoas, um Presidente da República que não se importa em qualificar o seu palavreado para a sociedade (…) um Presidente da República que não tem respeito pela situação que estão vivendo as pessoas mais pobres, mais doentes e mais velhas, só pode ser um genocida. Ele não gosta da vida", afirmou Lula da Silva.
"Ao invés de estar preocupado em comprar livros didáticos, ao invés de estar preocupado em gerar emprego, ao invés de estar preocupado em aumentar o emprego, ao invés de estar preocupado em cuidar do custo de vida das pessoas, este Presidente está incentivando a utilização de armas. Armas e mais armas", acrescentou.
Segundo o ex-presidente, líder do Partido dos Trabalhadores (PT), e que foi impedido de concorrer nas últimas eleições por sucessivas decisões da Justiça que ainda contesta através de seus advogados, nomedadamente os processos da operação Lava Jato em que foi condenado por corrupção, Bolsonaro acredita que os problemas do país serão resolvidos com "bala".
"[Bolsonaro] aumenta a quantidade de pistolas, aumenta a quantidade de revólveres, a quantidade de rifles, a quantidade de espingarda, a quantidade de cartuchos [balas] que está resolvido o problema do Brasil. Ele só pode ser chamado de genocida", frisou.
O antigo chefe de Estado referia-se a um conjunto de normas editadas por decreto pelo Governo brasileiro flexibilizando controlo de aquisição e posse armas no país.
Num decreto publicado no sábado no Diário Oficial da União, o Governo brasileiro permitiu que cidadãos com licenças de posse e porte de arma podem comprar até seis armas e duas mil munições por ano.