A Polícia Federal brasileira, no âmbito da investigação ao caso dos 500 quilos de cocaína apreendidos num jato privado naquele país, quer saber qual é o património, incluindo o financeiro, de João Loureiro e pediu à congénere portuguesa a sua colaboração para fazer esse levantamento tanto em Portugal como no Brasil. Caso a investigação confirme que há fortes indícios de que esse património do ex-presidente do Boavista é resultante de atividade criminosa, os bens serão apreendidos a favor do Estado.
Quem o afirma ao i é Elvis Secco, coordenador-geral do Departamento de Repressão a Drogas e Fações Criminosas da Polícia Federal brasileira, para quem a descapitalização patrimonial e a investigação direcionadas à lavagem de dinheiro são o soco mais duro dirigido ao rosto das organizações criminosas que vivem do narcotráfico. “A apreensão de droga é um meio, não é um fim. A única maneira de desmantelar estas redes é despojá-las dos seus recursos. Para as descapitalizar, precisamos de interromper a sua operação de lavagem de capital. Desta forma, mesmo que eles consigam escapar a uma condenação por tráfico de droga, há ainda outras acusações que os podem manter na prisão”, defende o delegado, que estranha a explicação de João Loureiro dada aos media portugueses de que teria viajado num avião privado para o outro lado do Atlântico para ter uma reunião com um empresário que alegadamente quereria contratá-lo como consultor. “Não é normal, porquê viajar num avião privado, que é muito caro, para ter uma entrevista de emprego? Neste momento, ainda não conseguimos confirmar essa versão”, comenta o crânio por trás de alguns dos maiores desmantelamentos de droga no Brasil.