A pandemia de covid-19 obrigou os traficantes de drogas a alterar o modo de transportar cocaína devido à diminuição de voos regulares entre Portugal e Brasil, recorrendo a jatos de companhias privadas.
A Polícia Judiciária portuguesa (PJ) e a Polícia Federal brasileira (PF) começaram a ficar, portanto, mais atentas aos movimentos das companhias de jatos privados. Esta atenção verifica-se na recente apreensão de mais de 500 quilogramas de cocaína na fuselagem de um jato fretado à empresa portuguesa OMNI Aviação e Tecnologia, sediado em Porto Salvo, para um voo de Salvador para Tires, em Cascais.
Este é um caso que se enquadra na nova solução encontrada pelos traficantes, levando as duas autoridades a colaborar e a partilhar informações.
Já está a decorrer uma investigação sobre um eventual tráfico de cocaína entre Brasil e Portugal, uma das fronteiras que abre as portas do mercado europeu, através de jatos particulares e a utilização de aeródromos, explicou uma fonte policial à agência Lusa.
A propósito do projeto Caravela, divulgado pela PJ em novembro de 2019, "há uma troca de informações constante, muitas diligências partilhadas e uma estreita colaboração com as autoridades policiais brasileiras", em relação ao tráfico de droga, sublinhou a mesma fonte.
É de realçar que na lista de passageiros do jato apreendido estava João Loureiro, antigo presidente do Boavista. Já foi ouvido pela PF e também foram confiscados arquivos do seu telemóvel.
No final do seu depoimento, Loureiro confirmou que "prestou declarações como testemunha junto das autoridades competentes em Salvador", admitindo estar "absolutamente alheio a tudo que se passou", indica a declaração recebida pela Lusa.
Os 500 quilogramas de cocaína apreendidos estavam divididos em embalagens estampadas com marcas desportivas famosas.
De acordo com as informações da PF em Salvador, nenhum passageiro ou tripulante da aeronave foi detido ou está proibido de sair do Brasil.