“Os longos períodos de chuva intensa e uma elevada disponibilidade eólica” que se fizeram sentir em fevereiro traduziram-se numa forte penetração das energias renováveis no mercado e consequentemente no consumo de eletricidade. As conclusões são da APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis) que constatou que, após um mês de janeiro com preços invulgarmente elevados no mercado ibérico de eletricidade (MIBEL), os valores desceram no mês seguinte para “os preços mais baixos da Europa”
“Efetivamente, no mês de janeiro de 2021, registou-se em Portugal um preço médio diário de 60,69 euros/MWh, repercussão das baixas temperaturas registadas por toda a Europa, com consequente aumento dos consumos de eletricidade e da procura de gás natural. Já no mês de fevereiro os longos períodos de chuva intensa e uma elevada disponibilidade eólica traduziram-se numa forte penetração renovável no consumo de eletricidade. Esta realidade vem inverter a tendência das curvas do preço de eletricidade no mercado grossista, conduzindo ao registo, durante o mês de fevereiro, dos preços mais baixos da Europa”, lê-se na nota da APREN enviada às redações.
Portugal registou um preço médio horário no mercado grossista de 27,06 euros/MWh, abaixo do preço médio espanhol (27,42 euros/MWh), e dos restantes países europeus, com longos períodos de preços muito próximos de zero. Esta situação deve-se sobretudo à forte incorporação renovável pois, durante os primeiros 24 dias do mês, o total de geração renovável foi mais que suficiente para suprir o consumo de eletricidade em Portugal continental (ultrapassando em 13% a procura por eletricidade no continente).
A maior contribuição para o consumo foi a hídrica, a representar 67 %, seguida da eólica, com representatividade no consumo de 39 %. A APREN chama a atenção que o parque hídrico e eólico, em conjunto, terem sido suficientes para abastecer Portugal continental.
Parque renovável “alimenta” país 20 dias em fevereiro. No que se refere à balança comercial, Portugal foi exportador durante 86 % do tempo, registando um saldo de 778 GWh, invertendo o cenário de dependência externa verificado no ano de 2020.
Foi registado um período máximo consecutivo de 210 horas, de 13 a 22 de fevereiro, o equivalente a mais de uma semana, em que o sistema elétrico de Portugal continental pôde ser abastecido pelo parque renovável instalado, o segundo período mais extenso a que o sistema nacional foi sujeito. O recorde, até ao momento, aconteceu em dezembro de 2019, que registou 12 dias consecutivos. Durante o mês de fevereiro foi ainda registado um total de 495 horas não consecutivas (mais de 20 dias), em que a geração de eletricidade renovável foi igual ou superior ao consumo do continente, as quais registaram um preço médio no MIBEL de 25,16 euros/MWh.