Um médico brasileiro utilizou as redes sociais para denunciar uma agressão de que foi alvo depois de alertar um familiar para os perigos da covid-19. Uma história que rapidamente se tornou viral e gerou uma onda de indignação por parte dos utilizadores.
Através do Instagram, esta segunda-feira, José Panini, que é medico no Paraná, afirmou que, apesar da agressão, continua empenhado na luta contra o vírus.
“Na sexta-feira, após horas de reunião pra determinar o que seria ou não fechado, baseado num Decreto do Estado do Paraná”, começou por introduzir o médico, de 31 anos, na legenda da imagem em que surge com um olho negro e o lábio ferido.
“Já deixo claro, que baseado nos números não há mais nada a que fazer, senão as coisas só piorarão. Ao alertar os riscos a pessoas conhecidas, a resposta que me foi dada foram chutes e socos, enquanto um me segurava o outro me agredia. Enfim pessoas assim que ajudaram a situação chegar onde está! O desânimo não vem! E junto com eles temos muita coisa boa, progresso, vacinas e tudo que vai fazer sairmos dessa pandemia! E aos trabalhadores da saúde muita força”, acrescentou.
Ao G1, o médico diz que depois do impacto que a publicação teve nas redes sociais, decidiu apresentar queixa às autoridades. A Polícia Civil confirmou que está a investigar o caso.
"Não queria que o impacto fosse tão grande, então acabei não indo em um primeiro momento, mas diante da situação resolvi falar mesmo. É chata toda situação, mas penso que depois disso vou ter ainda mais ânimo para trabalhar porque está cheio de pessoas assim e elas precisam entender que estão erradas. Me sinto mais forte ainda para trabalhar na causa e torço para que a gente possa logo sair dessa pandemia", afirmou.
Parini, que trabalha como infecciologista, explicou ainda que o agressor preparava-se para ir para uma festa e, além do médico, também a sua esposa foi agredida.
"Fomos tentar falar que era errado, que ele não deveria ir à balada e colocar em risco a saúde de ninguém, e ele já partiu para cima de mim. Até que chegou um amigo dele, que estava no carro o esperando, me segurou no chão, me deu um mata-leão, apertando muito meu pescoço, enquanto esse familiar me agredia. Minha esposa, que também é médica, também foi agredida com um soco", contou.
"Eu cheguei a casa depois de passar o dia numa reunião justamente vendo que a situação da pandemia tinha piorado muito. Daí veio esse familiar, que mora com idosos, e falou que ia desrespeitar tudo. Fui agredido por tentar alertar sobre a atual situação da pandemia e por uma pessoa que realmente não se solidariza com o que está acontecendo", comentou Panini.
Após recordar um ano em que tem trabalhado "exaustivamente", o médico garante que vai continuar "do lado" das pessoas que querem que a pandemia chegue ao fim.
"Já vai fazer um ano que estou trabalhando exaustivamente em relação à pandemia. Pelo que eu fiz até agora, pelo que eu defendi, eu sinceramente acho que estou do lado das pessoas que querem que a pandemia acabe, que tem cuidado pelo próximo. Foi um ano fazendo tanta coisa, realizando tantos protocolos de equipamento de proteção individual, para diminuir a chance de transmissão, de organização de alas, de enfermarias. Está tudo organizado, mas a doença venceu-nos e se a gente não souber lidar, vamos perder ainda mais gente. Depende, agora, exclusivamente das pessoas, da consciência delas, dos atos, mais nada", disse.