Por Luís Jacques
Engenheiro civil
Foi pena o Presidente da República e o governo socialista não terem seguido o melhor conhecimento científico, manifestado na carta aberta "Prioridade à Escola" assinada por epidemiologistas, psiquiatras, pediatras e outros médicos, psicólogos, cientistas e profissionais de diferentes áreas, bem como, de professores e pais, para que a escola, um serviço essencial, reabra rapidamente em moldes presenciais, com segurança e de forma contínua, começando pelos mais novos.
Conscientes da necessidade de medidas para conter a epidemia e reduzir as infecções, defenderam que é urgente, para o presente e para o futuro do país, adotar medidas, com base na ciência e nos dados, capazes de proteger a escola como um bem essencial.
É bom lembrar que a vizinha Espanha não encerrou as escolas em 2021 e também conseguiu reduzir, de forma drástica, o número de infeções da pandemia de Covid-19.
O Presidente da República, o governo socialista e a Assembleia da República erraram, no ano passado, ao não terem reaberto as escolas, de forma faseada, a partir de 5 de Maio de 2020 e voltarão a errar, este ano, se quiserem manter as escolas encerradas até à Páscoa.
Ninguém falou em desconfinar já a partir de Março, o que se disse, foi iniciar a abertura faseada das escolas, seguindo também o que estão a fazer os nossos parceiros europeus. É uma questão de bom senso.
O pior que poderá acontecer aos poderes públicos é serem ultrapassados pela realidade dos números da pandemia e continuarem a defender o confinamento total quando as condições sanitárias já não o justifiquem. Nesse caso, os portugueses deixarão de acreditar nas suas instituições, seja, o Presidente da República, o governo e a Assembleia da República.
Da maneira como os números da pandemia do Covid-19 têm diminuído de forma drástica, com o número de infectados por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias a baixar dos 1.666,7, a 30 de Janeiro, para os 209,31 a 26 de Fevereiro, o Rt nos 0,68, a redução significativa do número de internados, do número em UCI e do número de mortes, não me admiraria que os indicadores estivessem todos dentro das condições sanitárias aceitáveis muito antes de 11 de Março, quando o governo socialista disse que vai apresentar o plano de desconfinamento.
Uma vez mais o governo socialista vai andar a reboque dos acontecimentos. As escolas deviam abrir no início de Março e já devia existir uma matrix de risco com os números aceitáveis para cada um dos indicadores e o que poderia abrir quando tal acontecesse.
Ou seja, o governo socialista poderá cair no ridículo de se ver desautorizado pelos portugueses que abrirão logo que os indicadores estejam nos valores aceitáveis e vejam os outros países europeus a fazerem o mesmo. Basta haver uns dias de calor forte em Março para vermos pessoas nos passeios marítimos e nas praias. A política do medo nunca funcionou durante muito tempo. Desacredita-se facilmente.
"Se as escolas não reabrirem antes da Páscoa, Portugal voltará a ser dos países da Europa com um fecho mais alargado e mais longo. Na primeira vaga, foi dos poucos que manteve o ensino à distância até final do ano letivo, depois de decretado a 16 de março, o que significou três meses e meio em casa para todos os alunos do ensino básico. Apenas os do 11º e do 12º anos regressaram em maio para algumas disciplinas.
No início de 2021 impôs-se como um dos seis países europeus sem aulas presenciais em todos os níveis de ensino. Só que desse grupo Alemanha, Áustria, Letónia e Roménia já voltaram a abrir, pelo menos parcialmente. Portugal e Lituânia são os únicos sem planos para o fazer, com a diferença de que os bálticos não fecharam tanto tempo em 2020. É certo que Portugal chegou a ser o país mais afetado pela terceira vaga na Europa, mas, se assim ficar até 4 de abril, são mais dois meses e meio de ensino online no total".
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"Na Alemanha, foram esta semana retomadas as aulas presenciais em escolas e creches de 10 dos 16 Estados, depois de outros dois terem aberto mais cedo, de acordo com a respetiva situação epidemiológica. O plano agora é acelerar a vacinação de professores e educadores. Há uma terceira abordagem, também gradual, mas que, em vez de olhar para regiões, olha para níveis de ensino, aproveitando a menor transmissibilidade do vírus entre os mais novos. É o que estão a fazer a Letónia e a República Checa, abrindo creches e escolas primárias.
Há países que optam por não repetir receitas, como Espanha, que não voltou a pôr os alunos em casa a não ser em caso de surtos. Em Madrid, esse método atingiu 25 mil crianças. Em França, as escolas também ficaram abertas, mas com um protocolo mais restritivo e a obrigatoriedade de fecho caso se detetem casos da variante britânica. Inglaterra passa de um fecho total para uma abertura também total, anunciada esta semana por Boris Johnson para 8 de março".